15. Trufas

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A sala de jantar estava mergulhada em um silêncio quase palpável. A luz das velas tremeluzia sobre a longa mesa de madeira escura, lançando sombras suaves sobre os pratos delicadamente servidos e os cálices de cristal. Felix mantinha o olhar fixo no prato à sua frente, o garfo movendo-se lentamente enquanto ele cortava pequenos pedaços de comida. A cada movimento calculado, sentia os olhos de Hyunjin sobre si, uma presença que o fazia apertar os lábios em irritação contida.

Por fim, ele suspirou, deixando o garfo pousar no prato com um leve tilintar.

— Você pode parar de me olhar? — Felix murmurou, ainda sem erguer o olhar, sua voz quase um pedido mais do que uma ordem.

Hyunjin, sentado na ponta da mesa com uma postura relaxada, apoiou o queixo na mão, um sorriso lento se formando em seus lábios.

— Por quê? — perguntou, a voz baixa e aveludada, carregada de provocação.

Felix deu de ombros, buscando parecer indiferente, mas o rubor sutil em suas bochechas o traiu. Ele voltou a pegar o garfo, fingindo que os pedaços de comida em seu prato de repente tinham se tornado muito interessantes.

Hyunjin riu baixinho, pegando seu cálice de vinho com elegância e levando-o aos lábios. Ele não disse mais nada por um momento, mas o silêncio estava longe de ser confortável.

— Sabe, Felix... — começou Hyunjin, recostando-se na cadeira enquanto girava o vinho no copo. — A noite passada foi... interessante.

O garfo parou no meio do caminho entre o prato e a boca de Felix. Ele piscou, ainda evitando olhar para Hyunjin.

— Não sei do que está falando — respondeu, rápido demais, enquanto colocava o garfo na boca.

Hyunjin arqueou uma sobrancelha, o sorriso em seu rosto se tornando quase predatório.

— Não sabe? — Ele inclinou a cabeça levemente, a luz das velas destacando os ângulos perfeitos de seu rosto. — Porque tenho certeza de que você quase entrou naquela sala que eu te proibi de acessar.

Felix engoliu apressadamente, sentindo a garganta secar. Ele buscou uma desculpa, qualquer coisa que pudesse desviar a atenção de Hyunjin.

— Eu... me perdi nos corredores. Achei que era o caminho de volta para o meu quarto. Foi só isso.

Hyunjin não respondeu de imediato. Apenas tomou mais um gole do vinho, seus olhos permanecendo fixos em Felix, como se estivesse estudando cada microexpressão, cada gesto nervoso.

— Entendo — disse finalmente, a voz carregada de uma calma inquietante. — Você se perde com facilidade, não é?

Felix se limitou a dar de ombros novamente, desejando que a conversa acabasse. Mas Hyunjin continuou a observá-lo, os lábios tocando o cálice enquanto seu olhar permanecia fixo, penetrante.

Era como se ele pudesse ver através de Felix, desvendando os segredos que o rapaz lutava tanto para esconder.

Finalmente, Hyunjin colocou o cálice de lado, inclinando-se levemente para a frente, os dedos cruzados sobre a mesa.

— Da próxima vez... — ele começou, sua voz baixa, quase um sussurro — ...tente não se perder tão perto das coisas que não deveria encontrar.

Felix sentiu um arrepio subir pela espinha, mas não ousou levantar os olhos. Ele apenas assentiu, em silêncio, enquanto o som da respiração calma de Hyunjin preenchia o espaço entre eles.

Hyunjin recostou-se novamente, pegando o vinho mais uma vez, e o sorriso que curvou seus lábios era algo entre diversão e triunfo.

...

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