Trono destruído

45. O grande dia

A manhã do grande dia chegou com um céu claro e um sol tímido que lançava seus primeiros raios pelas janelas do quarto de Felix. Ele foi acordado suavemente por um time de criadas, que entraram no quarto com passos leves e vozes baixas, como se tivessem medo de perturbá-lo. Uma delas trouxe uma bandeja com o café da manhã — frutas frescas, pão quente, geleias feitas à mão, e uma xícara de chá fumegante com aroma de ervas calmantes.

Felix se espreguiçou, ainda sonolento, e sentou-se devagar na cama, aceitando a bandeja que lhe foi oferecida. Ele não tinha muito apetite, mas comeu o suficiente para evitar a tontura que sabia que viria mais tarde, especialmente com o dia cheio que o esperava.

Após o café, as criadas o conduziram ao banheiro. A grande banheira já estava cheia, exalando um aroma luxuoso de óleos essenciais e flores frescas que flutuavam na superfície da água. O vapor preenchia o ambiente, tornando o ar morno e acolhedor. Felix hesitou por um momento quando as criadas começaram a ajudá-lo a despir-se, mas elas agiram com tamanha naturalidade e profissionalismo que ele acabou relaxando.

Quando ele entrou na banheira, a água quente envolveu seu corpo, e ele soltou um suspiro profundo, sentindo os músculos tensos começarem a relaxar. As criadas se ocuparam ao seu redor, ensaboando cada parte de seu corpo com sabão espesso e perfumado. As mãos eram rápidas e eficientes, mas havia uma gentileza em cada gesto que fazia Felix sentir-se cuidado de uma maneira que não sentia há tempos.

Enquanto algumas lavavam sua pele, outras cuidavam de seus cabelos loiros. Elas despejavam água morna delicadamente, massageavam o couro cabeludo com produtos cheirosos, e aplicavam camadas de cremes e óleos hidratantes. Felix fechou os olhos, permitindo-se aproveitar o momento. Era estranho estar tão exposto, mas havia algo reconfortante na maneira como aquelas mulheres trabalhavam, suas vozes sussurrando palavras gentis entre elas.

Quando o banho terminou, elas ajudaram Felix a sair da banheira e o envolveram em toalhas macias e perfumadas. Ele foi secado cuidadosamente, cada gota de água sendo absorvida com precisão. Felix sentiu o constrangimento inicial desaparecer completamente; em vez disso, ele se sentia grato.

Vestiram-no com um robe de seda leve e o conduziram até uma cadeira diante de um grande espelho no quarto. Felix olhou para seu reflexo, notando como sua pele parecia mais radiante depois do banho, os cabelos molhados caindo em mechas desarrumadas sobre seus ombros.

Uma das criadas começou a desembaraçar os fios com um pente de madeira, enquanto outra cortava pontas secas com habilidade e precisão. O som suave das tesouras preenchia o ar, intercalado pelos sussurros das criadas e pelo som ocasional de um frasco sendo aberto.

Depois, aplicaram óleos e séruns que deixaram os cabelos loiros brilhantes como ouro polido. Elas secaram os fios com cuidado, mantendo as ondas naturais que Felix tanto gostava. Enquanto trabalhavam, ele se viu relaxando ainda mais, quase sorrindo para o reflexo diante dele.

Quando terminaram, uma das criadas ajustou o robe em seus ombros e deu um passo atrás para admirar o trabalho. Felix olhou para o espelho mais uma vez, impressionado. Ele parecia… diferente. Parecia estar brilhando de dentro para fora, como se algo tivesse despertado dentro dele naquela manhã.

Uma criada tocou gentilmente em seu ombro.

— Está bonito, Alteza — ela disse, com um pequeno sorriso.

Felix sorriu levemente, as bochechas corando. Ele não era chamado de Alteza há muito tempo, desde que fora exilado de seu reino. Por um momento, ele lembrou de quem verdadeiramente era. Ele era o príncipe de Adarlan, o príncipe do gelo. E ele casaria com o príncipe do fogo em algumas horas.

...

A tarde transcorreu em um ritmo tranquilo, mas cheio de detalhes meticulosos que transformaram Felix em uma visão que parecia saída de um conto de fadas. As criadas trabalharam sem pressa, com gestos suaves e precisos. Felix sentou-se em uma cadeira alta, o rosto relaxado, mas os olhos revelando a agitação interior que ele tentava esconder.