21. Uma visita

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O quarto estava silencioso, iluminado apenas pela luz suave de algumas velas espalhadas pelas mesas e estantes. Felix havia terminado suas higienes e, agora, estava imerso na ampla banheira do quarto, rodeado por montes de espuma branca que flutuavam na superfície da água quente. A temperatura o envolvia como um abraço, relaxando seus músculos tensos depois de um dia inteiro tentando — e falhando — em dominar seus poderes.

Ele fechou os olhos e suspirou baixinho, deixando a cabeça repousar na borda da banheira. As mãos deslizavam pela própria pele, espalhando a espuma pelos braços e ombros, movendo-se lentamente como se o toque pudesse dissipar a tensão acumulada. No entanto, por mais que tentasse se concentrar no calor da água ou no leve aroma floral que perfumava o ambiente, sua mente voltava insistentemente a Hyunjin.

O rosto dele, os olhos que pareciam enxergar além das barreiras que Felix tentava erguer, a voz rouca que ainda parecia ecoar em seus ouvidos. Felix não queria admitir, mas cada suspiro que escapava de seus lábios era por causa dele. A simples memória de Hyunjin era suficiente para fazer seu corpo reagir de formas que ele não entendia totalmente — ou talvez entendesse bem demais.

As mãos de Felix, que até então se moviam de maneira distraída, passaram a percorrer sua pele com mais intensidade. Ele esfregava a espuma em movimentos lentos, quase cuidadosos, como se tentasse afastar a sensação do toque que ainda parecia presente em sua nuca. Mas, ao invés disso, cada gesto parecia reforçar a lembrança do corpo quente de Hyunjin, da proximidade que os dois compartilharam mais cedo, do modo como suas palavras e olhares haviam mexido com ele.

Um arrepio percorreu a espinha de Felix, e ele mordeu os lábios com força, tentando conter os pensamentos que começavam a fugir do seu controle. Era absurdo — ele sabia disso. Mas a presença de Hyunjin era como fogo, e Felix sentia que estava cada vez mais próximo de se queimar.

Ele suspirou novamente, desta vez um som mais longo e pesado, e mergulhou as mãos na água quente, deixando os dedos escorregarem pela espuma como se aquilo pudesse de alguma forma apagar as memórias daquele dia. Contudo, a chama que Hyunjin havia acendido dentro dele continuava a arder, indiferente aos esforços de Felix para abafá-la.

O som suave da porta se abrindo quebrou o silêncio do quarto. Felix, ainda imerso na banheira, virou a cabeça rapidamente na direção do som, seus olhos se arregalando ao ver Hyunjin parado na entrada. Ele estava sem camisa, e a luz das velas dançava sobre sua pele pálida e seus cabelos escuros e levemente bagunçados que caíam até os ombros. Felix sentiu o ar preso nos pulmões.

— Você está praticando? — perguntou Hyunjin, sua voz rouca e baixa, mas o tom trazia uma leve acusação.

Felix tentou responder, mas as palavras ficaram presas na garganta. Ele desviou o olhar, sentindo o calor subir pelo rosto. Como poderia falar, completamente exposto e nu, enquanto Hyunjin estava ali, tão próximo, tão imponente? Ele virou de costas para ele na banheira, na tentativa de disfarçar o rubor e a vulnerabilidade que sentia.

O silêncio se estendeu por um momento que pareceu uma eternidade antes que Felix ouvisse o som suave dos passos de Hyunjin pelo quarto. Ele se aproximou da banheira com a naturalidade de quem era dono do espaço — e talvez de Felix. Antes que Felix pudesse reagir ou dizer qualquer coisa, Hyunjin entrou na banheira, ainda vestindo as calças escuras que logo se molharam, moldando-se às pernas musculosas.

Felix estremeceu ao sentir a presença dele tão próxima, o calor do corpo de Hyunjin rompendo a barreira da água morna que o envolvia. Ele estava bem atrás de Felix, quase o tocando, e isso fez Felix prender a respiração. A proximidade era sufocante, mas de uma maneira que fazia o coração de Felix disparar. Ele tentou ignorar o fato de que Hyunjin provavelmente sentia o contorno nu de seu corpo contra si.

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