46. A cerimônia

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O grande salão estava banhado por uma luz suave que parecia emanar das próprias paredes, como se a magia dos feéricos estivesse pulsando em cada pedra. A decoração era de um requinte impressionante: cortinas de veludo dourado desciam em cascatas pelas janelas altas, enquanto lustres cristalinos refletiam fragmentos de luz como estrelas caindo do céu. Arranjos de flores encantadas flutuavam no ar, mudando de cor e forma conforme as notas de uma melodia etérea tocada por músicos feéricos enchiam o ambiente.

Os habitantes do reino estavam reunidos, suas vestes tão coloridas e exuberantes quanto as personalidades que carregavam. Entre eles, governantes de reinos vizinhos ocupavam lugares de destaque, sentados em tronos menores dispostos ao redor do salão. No entanto, um lugar estava visivelmente vazio: o espaço reservado para o Reino de Adarlan, o Reino do Gelo. A ausência era notável, mas ninguém ousava comentá-la em voz alta. A tensão entre os dois reinos pairava no ar como um eco distante, quase esquecido naquele dia de celebração.

Hyunjin entrou no salão com passos firmes, sua figura alta e imponente captando imediatamente a atenção de todos. O terno vermelho-sangue parecia ainda mais vivo sob a luz mágica, os bordados dourados cintilando como chamas reais. Seus cabelos negros e longos balançavam levemente enquanto ele se movia, cada passo carregando a força e a graça de um príncipe que sabia exatamente quem era.

Ele parou no centro do altar, um pequeno palco elevado decorado com pedras preciosas e cercado por um círculo de runas brilhantes. Era ali que os votos seriam trocados, na presença de todos e, acima de tudo, na presença do Oráculo.

O Oráculo era uma entidade antiga, sua essência envolta em uma luz que os olhos mortais jamais poderiam compreender completamente. Sua forma era indefinida, uma mistura de energia e luz dourada que parecia vibrar no ar. Apenas os feéricos podiam sentir sua presença verdadeira, uma força imponente que fazia até mesmo Hyunjin, com todo o seu poder, se sentir pequeno.

Hyunjin respirou fundo, posicionando-se no centro do altar. Ele entrelaçou as mãos atrás das costas, os dedos longos e adornados com anéis descansando com uma calma que não refletia a tempestade de sentimentos dentro dele. Ele esperava por Felix.

O salão ficou em silêncio quando as portas duplas no final do corredor se abriram. A música mudou, suave e envolvente, e todos os olhares se voltaram para a entrada. Hyunjin, no entanto, só viu uma coisa: Felix.

Quando Felix apareceu na entrada, o mundo de Hyunjin parou. O príncipe do gelo era um espetáculo de tirar o fôlego. O terno branco parecia ter sido feito com neve recém-caída, os bordados prateados em forma de flocos de neve capturando e refletindo a luz de maneira quase sobrenatural. Seus cabelos loiros, tão brilhantes quanto o sol de inverno, estavam perfeitamente arrumados, a tiara de cristais emoldurando seu rosto com uma delicadeza angelical.

Felix começou a caminhar pelo corredor, e Hyunjin não conseguia desviar os olhos. O barulho dos murmúrios, a música, a presença dos convidados, até mesmo a luz do Oráculo — tudo desapareceu. Era como se apenas eles dois existissem no universo inteiro.

Felix movia-se com uma elegância natural, mas havia algo em sua expressão que capturava Hyunjin de maneira irrevogável. Os olhos castanhos de Felix brilhavam com emoção, e por trás daquela aparência angelical havia algo inquebrável, um amor que parecia maior do que qualquer coisa que Hyunjin já havia conhecido.

Hyunjin não percebeu que estava prendendo a respiração até que Felix parou diante dele, no centro do altar. O mundo parecia se recompor ao redor deles, mas para Hyunjin, ainda havia apenas Felix.

E, naquele momento, enquanto o Oráculo começava a falar em uma língua antiga e incompreensível para os humanos, Hyunjin teve certeza de uma coisa: ele nunca havia amado ninguém como amava Felix, e nunca mais amaria.

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