39. Obsessão

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Hyunjin estava sentado em um banquinho de madeira, os cotovelos apoiados sobre os joelhos, as mãos entrelaçadas enquanto os dedos tamborilavam inquietos. Seus olhos fixavam a tela à sua frente, mas sua mente estava em outro lugar. Ele se perguntava, pela milésima vez, se Felix havia visto o que ele estava pintando. A porta tinha batido rápido, quase abruptamente, mas será que rápido o suficiente?

Hyunjin inclinou a cabeça, observando a pintura recém-terminada. A imagem era intensa, cheia de emoção e simbolismo. Ele e Felix estavam no centro da composição, abraçados, seus corpos entrelaçados de uma maneira que parecia quase etérea. Ao redor deles, fogo e gelo dançavam, se encontrando, se repelindo, mas também coexistindo. A pintura capturava o que eles eram — opostos atraídos de forma inevitável — e o que se tornariam depois do casamento: dois seres equilibrados, unidos de forma indissolúvel.

Ele soltou um suspiro pesado, como se estivesse exalando a tensão que havia se acumulado desde o momento em que Felix o surpreendeu na sala. Hyunjin sabia que o que estava retratado na tela era um pedaço da alma dele, algo que ninguém, nem mesmo Felix, tinha visto completamente. Ele se levantou, trancou a sala secreta com a chave e desceu pela escada em espiral da torre.

O palácio estava silencioso àquela hora da noite, os corredores vazios e banhados pela luz pálida das luminárias mágicas. Hyunjin caminhou lentamente até seu quarto, os passos ecoando levemente nas paredes de pedra. Quando chegou, ele fechou a porta atrás de si e começou a se despir, desfazendo o laço da gravata, soltando os botões da camisa, deixando que o tecido caísse no chão. A formalidade o sufocava; ele precisava de algo que o aliviasse.

No banheiro, a banheira já estava pronta, cheia de água escaldante. Ele passou a mão pela superfície, sentindo o calor quase insuportável, exatamente do jeito que gostava. Hyunjin entrou devagar, os músculos relaxando à medida que seu corpo era envolvido pela água fumegante. Ele deixou a cabeça cair para trás, os longos cabelos negros mergulhando e flutuando na superfície.

Enquanto a água o aquecia, sua mente vagava novamente para Felix. O casamento estava próximo. A cerimônia de compartilhamento de poderes seria o ponto culminante de tudo o que eles haviam construído juntos. Hyunjin sabia que, depois disso, não haveria mais limites entre eles. Felix seria forte o suficiente para suportá-lo. Hyunjin poderia tocá-lo sem medo, poderia segurá-lo sem restrições.

Um sorriso leve surgiu nos lábios dele enquanto mergulhava o rosto na água quente, permitindo que o calor limpasse seus pensamentos. Ele não via a hora de tê-lo, completamente, sem barreiras, sem consequências. Quando emergiu novamente, os olhos brilhavam. Ele secou o rosto, encostou a cabeça na borda da banheira e, pela primeira vez em dias, permitiu-se relaxar completamente.

...

Horas depois, o silêncio absoluto do quarto de Hyunjin foi quebrado apenas por sua respiração ofegante. Ele estava deitado sobre os lençóis de seda preta, o corpo nu parcialmente coberto pelas sombras da noite, enquanto a luz prateada da lua entrava pelas janelas altas e iluminava suas feições intensas.

Os olhos de Hyunjin estavam fechados, as sobrancelhas levemente franzidas enquanto sua mão deslizava pelo próprio corpo. O toque era lento, quase reverente, como se cada movimento fosse uma homenagem às lembranças que o consumiam. Ele se recordava de Felix naquela noite, das mãos pequenas e ágeis que exploravam seu corpo, dos gemidos manhosos que escapavam dos lábios rosados.

Seus dedos apertaram o membro ereto, que pulsava com a intensidade do desejo. Hyunjin respirava com dificuldade, os gemidos baixos escapando de sua garganta enquanto o ritmo de sua mão aumentava. Ele revirou os olhos, a cabeça caindo para trás contra o travesseiro, e mordeu o lábio inferior ao lembrar do calor que emanava do corpo de Felix, mesmo cercado pelo gelo.

A lembrança de Felix montando nele o fez estremecer. O jeito como ele cavalgava com tanta paixão, o som da respiração entrecortada, o movimento das mãos pequenas o puxando para mais perto. Hyunjin apertou os olhos com força, um gemido rouco saindo de sua boca. Ele podia jurar que ainda sentia o aperto do corpo de Felix ao redor dele, a forma como ele o tomava completamente, sem medo, sem reservas.

O prazer subiu em ondas, e Hyunjin arqueou as costas, a mão se movendo com mais urgência. Ele imaginava Felix ali com ele, os cabelos dourados espalhados pelo travesseiro, os olhos brilhando com desejo, o corpo se moldando ao seu com perfeição. Cada toque, cada gemido parecia mais real do que o ar que ele respirava.

Finalmente, o clímax o atingiu como uma tempestade. Hyunjin deixou escapar um gemido longo e grave, o corpo se contraindo enquanto ele se desfazia em sua própria mão. Ele permaneceu imóvel por alguns segundos, a respiração acelerada e o coração martelando no peito.

Quando abriu os olhos, o quarto parecia mais silencioso do que antes, quase como se estivesse vazio de tudo, exceto do som de sua respiração e do eco das lembranças que ainda pairavam no ar. Hyunjin suspirou, sentindo uma mistura de satisfação e angústia. Ele precisava de Felix. Precisava dele em sua vida, em sua cama, em sua alma.

Lentamente, ele se levantou e foi ao banheiro, limpando-se em silêncio. Quando voltou para a cama, o sono demorou a vir. Ele sabia que aquela obsessão, aquele desejo avassalador, só seria saciado quando Felix fosse inteiramente dele, para sempre.

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