XXXVII Capítulo

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Blue Thomas

= Um Princípio e Um Fim =

Fui ensinado muito cedo que boas obras acompanham um cristão; no início isso levou-me a pensar que ser cristão era exatamente isso: fazer boas obras para ir Ao Céu e agi deste modo diversas vezes.

Era como um animal na presença dO meu Senhor, sem poder perceber que boas obras podem indicar se alguém é um cristão ou não, mas que elas são indicativos que alguém nasceu de novo, não que garantem a salvação.

Olha para Cristo!

Uma das cartas recentes que recebi da Andreia lembro-me disso; das mesmas palavras que o meu pai dizia para mim. É para Ele e Palavra que olho quando tento perceber se alguém, inclusive eu, é cristão, então, não devo usar a mesma medida para perceber se de facto a Andreia é cristã?

Não vou mentir, desde que ela chegou a Cem Dentes, fiquei terrivelmente furioso quando ela mencionou que foi salva, que cria nO Senhor, pois, para mim ela fazia tudo aquilo apenas para receber perdão da minha parte e eu poderia suportar tudo dela, menos que zombasse dO meu Senhor.

Durante quase quatro anos, sobretudo nos primeiros, não prestei atenção nas suas acções, nem nas alegações das pessoas à nossa volta que elogiam-na. Não, não me interessava ser enganado daquele modo. Já antes o meu amor por ela tinha sido rejeitado, então, não podia simplesmente acreditar.

Mas, o meu teto de vidro começou a rachar, começa a rachar e a despencar sobre a minha cabeça. Parece até mesmo que ela, vestida de pato ou num nas suas roupas casuais, faz melhor o seu papel de ser luz e sal da terra que eu que apenas sei ver seus defeitos sem olhar primeiro para os meus.

— Bem-vindo às Altas Colinas, Antony — Francisco Lagos, um velho amigo meu e de Vienna cumprimenta-me com um aperto de mão assim que desço do autocarro.

Como Tadeu decidiu que seria à noite terei que ficar em Altas Colinas e, felizmente, Francisco ofereceu-se para dar-me abrigo durante esta noite. Ele, mais alto que eu e com uma pele quase amarelada, sorri para mim com gentileza. Retribuo, certo de que ele é o único homem que conheço que pode ajudar-me a perceber os recentes actos da Vienna. Afinal, Francisco e ela cresceram juntos e eu sei que, no passado, antes de se casar e decidir seguir em frente, Francisco a amava.

Então, enquanto, o sigo até o seu Honda cinzento, atrevo-me a perguntar um pouco mais sobre a sua vida apenas para saber se é seguro também fazer perguntas sobre Vienna.

— Faz muito tempo desde a última vez que vieste aqui, Antony, muita coisa mudou.

— É verdade — rio. — Nunca pensei que criasses barba algum dia. Há três anos atrás achavas isso algo de homens inseguros.

Ele ri de volta e a conversa continua até chegar-mos a uma casa com com ares rústicos modernos de uma área suburbana de Altas Colinas. Uma casa bonita e aconchegante que pertence à Francisco, sua esposa e uma bebé de dois meses.

Faz menos de dois anos que Francisco converteu-se e fico feliz ao ver a casa decorada com quadros simples com mensagens que apontam para Cristo.

Olha para Cristo. está O Mestre!

Não nos quadros, mas Ele vive por meio dos seus fiéis, da Sua Noiva, todos os dias, com constância.

— E o que vieste fazer em Altas Colinas? — Francisco pergunta, assim que nos sentamos na sua sala-de-estar. — Não me entendas mal, mas não é sempre que te encontras aqui. Aconteceu alguma coisa?

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