XXIII Capítulo

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Andreia

= Uma Palavra =

Respiro profundamente.

Helena já está a dormir; já passa das uma hora da manhã, mas ainda estou acordada, sentada na sala-de-estar, à espera de uma mensagem.

Blue não atendeu.

Não ligou de volta e muito menos, enviou uma única palavra a explicar a sua saída ou porquê não voltou quando prometeu que voltaria.

Pergunto-me se ele estará bem pelo modo pálido que correu hoje do Hospital e, apesar de ter ligado para Bianca para perguntar sobre, não tive respostas.

Será que ele saiu do País com a Vienna para um casamento clandestino?

— Não! Ele nunca faria isso… Blue não faria o mesmo que eu — digo para mim mesma enquanto espero que o meu aparelho de comunicação mande uma notificação; qualquer uma seria boa.

— Neta, acho deverias ir dormir. — O meu avô aparece atrás de mim como uma assombração e de tão assustada que fico, quase caio do sofá já sem molas. — Desculpa-me, não queria assustar-te.

Assinto vagarosamente sem muita vontade de conversar. A minha garganta já está rouca o suficiente de tanto chorar e não preciso de outros motivos para tal.

— Se estás preocupada com o amanhã, não te preocupes, vou levar a Helena para ver o pastor Josiah. Podes ir descansar.

— Eu também gostaria de estar presente, Abuelo. — Dirijo-lhe um olhar magoado, mas não com ele. — Sabias que a Helena mentiu sobre a gravidez? Quem faz uma coisa dessas?

— Mentiu? — Ele segura nas minhas mãos quando se senta do meu lado; está mais surpreso do que chateado, ao contrário de mim. — Por quê?

— É isso que eu quero descobrir, mas ela não me conta. Pior que tudo, disse que quer ver o namorado. Eu não consigo entender o motivo, agora imagina o pastor que não esteve durante a confusão?

— Eu sei, neta, eu sei... E tudo isso é muito importante, mas acredito que tenhas algumas pendências no trabalho, não é?

No mesmo momento, lembro-me que tenho que ir ao Centro, pois, fazem dias que já não dou aulas às crianças. Estou com saudades delas e sei que precisam de um reforço nas aulas de desenho. Além disso, não é bom estar sempre a pedir dias de *alta no Meet. Aposto que o senhor Thomas está à procura de algum motivo para demitir-me. Só não consigo acreditar que ele ainda não encontrou nenhuma. Mas, longe disso, também tenho que verificar e enviar alguns documentos para o departamento artístico dos Vita.

Não posso dispensar nenhuma oportunidade de trabalho, principalmente, agora que estou disposta a abrir as minhas portas… digo, as portas do meu avó para a Helena. O pai dela fez o mesmo comigo, não posso esquecer-me disso e… Nós somos amigas. Então, quero ajudá-la e protegê-la.

— Tenho.

— Então, fica descansada. Não vou sozinho. O Blue e a jovem Talita vão comigo.

— Isso se o Blue atender… — O modo ressentido como digo essas palavras assusta-me, mas não retiro ou explico quando o Abuelo pede-me que repita. — Vou dormir. Até amanhã.

— Antes, gostaria de te contar algo, minha neta.

Essas palavras fazem o meu sangue gelar. Porém, é o semblante sério do meu avô que faz-me ficar na defensiva.

— São más notícias? — Cruzo os braços sem dirigir-lhe o olhar.

— Receio que tenha que dizer que sim.

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