IX Capítulo

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Blue

= Não Cair =

Reviro os olhos para a minha tia.

Quando ela quer, ela pode ser muito infantil.

— Isso é sério? — pergunto, descontente, mas, em seguida, já estou à procura de um pato ridículo em forma de uma mulher de vinte e quatro anos desmiolada.

Será será que a Avril Torrez tem mesmo alguma coisa a ver com isso ou ela veio para o evento errado?

Não sei dizer quais dos dois aconteceu, porque com Andreia nunca se sabe. Além disso, será que ela nunca leu em Mateus que o cristão deve ser prudente como uma serpente?

Onde está a sua prudência?

— Desculpe, senhora Brunei… — chamo por uma senhora idosa para pedir por alguma informação, mas ela mal deixa-me acabar de falar antes de puxar-me para a improvisada pista de dança do evento de moda com fins beneficentes.

Dançamos um pouco do cover de My Way de Franky Sinatra interpretado pela cantora chamada ao palco poucos minutos antes. Um de nós está menos feliz que o outro, espero que seja óbvio, quem.

— Aaah, os tempos da minha juventude nunca mais voltarão!

— Creio e lamento que não, senhora Brunei. — comento, arrancando uma risada do rosto sério da mulher. — Desculpa a pergunta esquisita, mas a senhora por acaso viu um…

Não termino novamente de falar, pois, George Monte Ville aproxima-se de nós e sussurra alguma coisa no ouvido da mulher. Logo sinto o meu sangue ferver por ver este desgraçado aqui.

— George, este é Blue Thomas. Neto de Edgar…

— Conheço o Antony Thomas, senhora Brunei. — O homem responde com um sorriso, cheio de pretensões, que eu desejo apagar neste momento. O punho direito já está cerrado enquanto procuro novamente Andreia com o olhar. Será que ela sabe que Monte Ville também está no evento? — Eu nunca esqueceria de uma das únicas pessoas que tentou falar comigo sobre Deus duas vezes e, claro, tentou, sem sucesso, roubar a minha jóia rara. Além disso, quem esqueceria o futuro herdeiro da linha de restaurantes mais famosa do País? Vim da Alemanha justamente para visitar a sede de Meet and Two Drinks.

A senhora Brunei parece perdida com as palavras do Monte Ville, mas eu não estou. E nem acredito que esse patife ainda tem coragem de falar sobre Andreia à minha frente.

— Que maravilha, então, vocês se darão muito bem, George. — A mulher diz com um riso forçado dado para tentar, talvez, aliviar a tensão. — Venha dançar, menino Thomas. Não se preocupe em falar com o George agora. Vocês terão muito tempo para isso depois.

Não resisto quando a senhora de idade leva-me para continuarmos a nossa dança, porém, não finjo o meu desgosto ou tento manter uma conversa com ela até as suas palavras serem:

— Menino Thomas, ainda bem que veio resgastar-me da solidão, porque o meu Philip fugiu por aí com um pato gigante.

— Pato!? — Interrompo a dança. — O senhor Philip saiu com a mulher vestida de pato? Onde foram?

— Sim. Eles seguiram até o terraço do clube, acredita? Coitada da menina, ela parecia ser um doce, por isso, deixei-os ir os dois. Até os seguia, mas queria acompanhar melhor o evento. — A mulher gargalha um pouco, enquanto um quê de desespero acende-se dentro de mim. — A pobrezinha não parava quieta. Ela realmente parecia mal. Parecia mesmo precisar apanhar um pouco de ar. Mas, também com aquele fato esquisito, qualquer um precisaria de muito ar.

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