XV Capítulo

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Andreia

= A Resposta da Inconsequência =


Eu conheci a Avril Torrez há seis anos atrás, numa pub em Sarimpi. Ela foi a primeira pessoa que falou comigo naquela noite e decidiu tornar-se a única quando percebeu que viera ali sozinha. No dia seguinte, Avril tinha outra festa para me levar, na dia após esse também.

Com o passar do tempo, considerei-a minha melhor amiga, afinal, estava impressionada com a sua confiança e estilo, que eu entendia como os mais altos níveis que uma pessoa deveria ter para se destacar no meio da multidão.

Ao lado da Avril era mais fácil beber ou conseguir namorados. Ela tornava a minha devassidão mais leve e aceitável, por isso, eu sempre corria para ela quando tinha certeza que não deveria fazer algo porque sabia que a Avril sempre apoiaria qualquer decisão minha que fosse errada. E com isso, infelizmente, aprendi tarde demais que atitudes como essa não levam ninguém a lado nenhum. Principalmente quando elas afastam pessoas importantes das nossas vida, sobretudo, Deus.

— Temos negócios a tratar? Mas, que negócios são esses que eu não sei? — pergunto para a mulher quase tão alta como eu, de cabelos pretos presos e pele bronzeada.

Sem se abater com as minhas palavras nada gentis, Avril adentra a casa do Abuelo, que está quase ou tão surpreso ao vê-la aqui como eu estou. Não demora para que a mulher, saída da capa de uma revista qualquer, se sente no sofá e peça para que eu faça o mesmo.

Depois daquele dia, o da falsa festa de máscaras, a Avril sequer se dispôs a pedir desculpas, pior, descobri após acenderem as luzes, no seu olhar borbulhante, que ela tinha planejado aquilo tudo. Que fez de propósito! Então, não me disponho agora a baixar a guarda, apesar, de decidir ouvir o que ela tem a dizer.

— Sabes como foi difícil achar-te, Andizinha? — Avril fala com desgosto, mas sorri com uma falsa elegância. — Eu juro que quase fui falar com os teus pais, mas ainda bem que não o fiz, não é? Imagino que eles morreriam de desgosto se soubessem em que buraco te enfiaste.

Ao meu lado, posso ver o velho perder a paciência com Avril antes de mim, mas eu simplesmente peço para que ele se acalme e deixe-me resolver tudo.

— Essa mulher deve ir em embora, neta. Ela não é bem-vinda aqui.

— Ainda bem, então, Pedro. Eu nunca quereria um lugar nesta maldita espelunca! Tudo o que eu quero é que sua neta inconsequente desfaça a asneira que fez.

Respiro fundo, controlando-me para não expulsar Avril à força. Ela começa a passar dos limites e o pior é vê-la sorrir com satisfação ao saber disso.

Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.
Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.

Tiago 1: 19–20

— Não sei do que falas.

— Continuas a mesma simplória, que surpresa! — Avril gargalha e é vovô quem dá o primeiro passo e pede que ela se retire. — Eu não vou sem antes a Andreia desmentir sobre a empresa VIDAMINA pretender criar um campo de futebol para as crianças daqui. Aquela brincadeira não teve graça alguma.

— E fazer a minha neta de boba para milhares de pessoas é algo engraçado para ti, senhorita? — Vejo veias saltarem no pescoço do meu velho Pedro, enquanto, a minha respiração rareia. Essa Avril, lamentavelmente, continua a mesma pessoa venenosa.

Por sua vez, Avril finge pensar por alguns segundo antes de sorrir preguiçosamente e dizer:

— Claro. Nada me deixa mais feliz do que mostrar ao Mundo quem são verdadeiramente pessoas como a sua neta.

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