Andreia
= Na Linha Certa =
Eu sei que deveria ir para casa e que o meu turno no Meet ainda não começou, mas não consigo deixar de observar o homem que trabalha diligentemente dentro do prédio onde trabalha.
Através da janela esquadrial do restaurante, tenho poucas visões dele, mas em todas elas, Blue Thomas sorri ou parece estar calmo demais sobre o que lhe aconteceu ainda ontem. Com isso, chego até a ganhar dúvidas se ele realmente foi assaltado, mas com a carteira nas minhas mãos e as lembranças dos *alegamentos de Bianca, elas dissolvem-se.
Respiro fundo e decido falar com o Blue, mesmo que seja incómoda ou ele não queira me ver. A ideia está em foco nos meus pensamentos, mas, então, ouço o meu telemóvel chamar. É o chefe Choi que quer saber porquê estou a demorar para mandar as fotografias que ele pediu; percebo no mesmo instante que esqueci do meu trabalho.
— Vou mandar em vinte minutos, chefe. Desculpe-me pelo atraso — prometo de um modo atrapalhado, mas com razão, afinal, não quero perder a oportunidade de trabalho com os Vita.
— Desta vez passa, Andy. Mas, precisamos delas em dez minutos.
O meu coração bate descontroladamente com a notícia, por sua vez, começo a procurar um táxi com o olhar enquanto atravesso a estrada muito movimentada.
— Vou dar o meu melhor…
— Ou isso, ou vais ter que pagar o meu próximo jantar no Meet And Two Drinks.
Rio de modo nervoso no mesmo instante; que péssima hora para nenhum táxi vazio, ou com um lugar disponível, passar aqui.
— Avise-me apenas quando for para pagar. Em dez minutos é impossível. — Já estou convencida do meu futuro e as minhas economias também.
O chefe Choi gargalha do outro lado da linha. E, apesar do dia mau, sou capaz de sorrir com o seu bom-humor. O chefe Choi sempre parece estar bem-disposto e parece gostar da minha companhia, ao contrário, do Blue. E é bom saber que não sou incómodo para todas as pessoas.
— Estava a brincar, Andy. Mas, não demores a entregar as fotos. É urgente. Falamos depois.
— Está bem, chefe.
Quando a chamada termina, sinto-me mais aliviada e feliz por concentrar-me apenas na tarefa de apanhar um táxi. Espero um pouco até um estar livre e, quando acontece, faço logo uma oração de agradecimento em meus pensamentos.
— E mais uma vez nos encontramos — O taxista bigodudo cumprimenta muito mais animado do que as últimas vezes que nos vimos. Levo meio segundo para reconhecê-lo e ficar triste automaticamente. Tudo que menos preciso agora, é alguém que zombe da minha fé. — Entra de uma vez!
Faço o que o homem praticamente ordena com uma prontidão de admirar. Dou a instrução para a minha paragem e decido concentrar-me na carteira preta e detalhes castanhos nas bordas que está incrivelmente nas minhas mãos mais uma vez. Fui eu que presentei o Blue com ela há seis anos atrás, no seu aniversário.
Nunca pensei que ele ainda guardasse essa velha carteira; depois de tanto tempo, depois de tantas discussões e indiferenças... Nem sei o que pensar.
Pergunto-me, se ele também guardou outras coisas que lhe dei ou se queimou. Qual fim têm as minhas cartas nas suas mãos? E por quê querer cartas que escrevi exclusivamente para uma pessoa que não ele?
— Ei, jovem!
— Sim? — Volto a prestar atenção no condutor e na viagem de volta à casa do meu Abuelo.
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Mitigar
RomanceAndreia é uma jovem cristã que deseja recomeçar os seus passos depois de receber a conversão. Numa nova cidade, mas com pessoas que muito marcaram as suas lembranças, ela terá que lidar com as consequências dos seus erros passados, enquanto, tenta r...