XXXII Capítulo

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Blue Thomas

= O Servo é Humilde =

A vida cristã tem os seus altos e baixos, a vida tem os seus altos baixos; eu sei disso e sabia perfeitamente quando comecei a beber para escapar dos meus medos. Sou orgulhoso demais para pedir ajuda e prefiro sucumbir na escuridão.

Orgulhoso demais para olhar para O meu Senhor e perceber que Ele É O Refúgio que a minha alma pede. Orgulhoso demais para ouvir somente o som da minha voz e ofuscar aquelas que estão à minha volta.

Não escuto a Bianca, o Russel, o pastor, o meu avô, o senhor Pedro ou até a Andreia. Só a mim mesmo, alcoolizado, porque, aparentemente, eu sei muito mais quando estou neste estado. Sei muito mais que todos e sou mais altruísta que todos, por isso, carrego tudo isto sobre os meus ombros.

E, também, por isso mesmo, não me atrevo a atender as chamadas da Andreia ou terei que admitir que perdi mais uma vez contra o que sinto por ela.

Senhor, livra-me de amar uma pessoa que não é para mim. Não quero amar ninguém como devo amar a Vós e não quero que essa pessoa ame mais a mim do que a Vós.

Respostas, Senhor… por, favor. É momento de amá-la? Ainda posso amá-la?

Ouço uma batida brusca na porta do meu quarto. Russel avisa-me sobre o almoço e pede-me que esteja despachado, pronto para visitar o meu avô e desculpar-me por ter sido insolente no nosso último encontro.

Claro, não sou feito de pedra. Estou irritado e assustado com a ideia de desculpar-me com a pessoa que deixou o meu olho roxo sem nenhuma piedade. O meu avô sempre achou-me um homem fraco por ser demasiado compassivo e se for visitá-lo com o objectivo de humilhar-me mais uma vez, o velho provavelmente rirá da minha cara ou acertará o outro olho. Porém, se um dos dois acontecer, terei, pelo menos, a certeza de que tudo que faço agora é pelo meu Senhor.

Quero mostrar, não apenas por palavras, o meu amor e consciência dos meus erros. Quero que as minhas acções demonstrem aquilo que a minha alma tanto clama. E começar por investir numa guerra contra o meu orgulho parece-me uma bela maneira de começar.

— Não me digas que a minha sopa não te agrada. — Russel chama a minha atenção com um sorriso.

— Até a tua sopa tem massa. — Abano a minha cabeça, apesar de retribuir-lhe o sorriso. — Já desisti de ti, Russel, sinceramente.

— Eu não. Eu ainda não desisti de ti, amigo.

Abrando os meus movimentos ao perceber que a sua resposta não se destina à comida ou uma futilidade, mas ao que tenho passado.

Este sim é um amigo que quero levar para vida toda.

— Obrigado.

Russel assente com animação, antes de pedir que lhe lave o prato quando terminar de comer. Rapidamente, ele vai até o seu quarto e não consigo estranhar a sua atitude, afinal, ele está mais ansioso para participar na festa que o meu avô preparou do que eu, apesar dela ser para mim.

— Achas que o senhor Thomas vai se importar se eu levar o meu chapéu? — Russ pergunta com um fato azul escuro vestido e os rostos franzidos. — Não importa, vou levá-lo escondido.

Sorrio.

— É só um jantar, Russ. Não precisas preocupar-te tanto.

— O restaurante todo hoje foi parado por causa de ti, Blue. Não é um simples jantar, principalmente, quando ainda tens que te desculpar com o teu avô.

— Está bem. — Dou de ombros, ainda sentado à mesa de jantar, apesar de já ter terminado de comer. — Neste caso, deixa o chapéu.

— Claro…

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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