II Capítulo

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Andreia

= E Quando Menos Esperas =

Enquanto transporto o restante das minhas caixas para fora do agora meu antigo prédio, não pergunto uma única vez porquê Ao Senhor pensando em Jó. Quando ele perdeu tudo, inclusive os seus filhos e saúde, ele manteve-se firme, então, mesmo que esta humilhação doa terrivelmente, não tenciono recuar.

Também, era apenas uma questão de tempo até a senhora Gautier tomar essa decisão. Desde que cheguei neste prédio, ela nunca gostou da minha presença, principalmente, quando o seu marido determinou que eu não pagaria mais a renda, pois, tinha impedido que sua filha mais nova, Alice, fosse atropelada por uma camioneta enquanto brincava na estrada.

No início, eu até recusei a oferta apenas para não aborrecer a sua esposa, mas o velho Gautier insistiu. Ele estava muito grato, ainda mais, quando comecei a anunciar-lhe sobre o Envagelho.
Eu tenho a certeza que ele agora está com O Senhor agora, que ele foi salvo. Só tenho pena que a mulher aja *malvadamente um mês depois dele partir.

Quando termino de tirar os meus pertences, com a ajuda de Helena e o senhor Óscar, que é o porteiro do prédio, sento na calçada da rua e telefono para Mia Choppes, que é o mais próximo de irmã que tenho, e para o meu avô, que aceitou prontamente voltar a dar-me um lugar para viver assim que termino de contar-lhe o grande problema que me encontro.

O vento tenta em vão secar as minhas lágrimas que escorrem pelo meu rosto; tudo parece estar demasiado escuro neste momento e apenas o pensamento de que tenho imensos materiais e objetos comigo dos quais não preciso e que deveria ou vender ou doar faz-me não chorar mais alto do que o recomendado na rua.

Algumas coisas são do tempo em que ainda vivia com os meus pais ou falava com eles…

Realmente, não preciso de muita coisa que possuo agora, sobretudo, a caixa pintada de um céu estrelado e cheio de cartas que já deveriam ser queimadas há muito tempo.

Espero pelo menos doze minutos até que um carro azul estacione em frente ao lugar que deixou de ser a minha casa oficialmente e começo a arrumar tudo o que posso dentro dele. Uma viagem não vai chegar, mas felizmente, vovó disse que traria a camionete, então, o sofá, a cama e a geleira terão onde ir. E por mais que pareça estranho, fico feliz por não chegado de comprar um guarda-fatos como tanto queria.

Já passam das vinte e três, mas a senhora Olga Gautier se mantém à entrada do prédio apenas para ter a certeza que saio do lugar ainda hoje. Ela não pára de rir da minha desgraça, mas eu simplesmente ignoro-a e impeço que Mia discuta com ela.
Finalmente, uns vinte minutos depois, o meu avô chega e colocamos tudo o que sobrou no seu carro. Ele mal pode acreditar na maldade da mulher e tudo o que pode fazer é dizer-lhe que esperávamos que “ O Senhor lhe pagasse a mesma maldade que nos fizera”.

Isso tira-me mais algumas lágrimas, mas apenas despeço-me do senhor Óscar e Helena antes de entrar no carro de Mia.

— Eu lamento muito que tenhas que te mudar, Andy. — Mia começa com um sorriso triste, sem ligar o carro. Ela quer conversar. — Outra vez. — completa, enquanto eu suspiro.

— De verdade, se vovô Pedro não fosse tão gentil e compreensivo, eu teria que voltar para casa, Mia. E eu não quero voltar para casa dos meus pais.

— Não? — Mia pergunta com um tom que acende logo o meu sentido aranha. Lá vem aquele conselho de novo. — Pensa, Andy: já se passaram três anos desde que vocês discutiram. Não achas que está na hora de vocês pararem com esse desentendimento e de tu voltares para casa? Quero dizer, poderias voltar para Sarimpi enquanto te organizas e depois poderias voltar em Cem Dentes sem nenhum problema.

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