XXXIII Capítulo

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Andreia

= A Distância Correta =

Que sentimento é este no meu peito?

É tão estranho, tão frustrante... É como se estivesse a perder uma vez mais o Blue.

Senhor, será que não estou a enlouquecer?

Como posso perder alguém que já não está na minha vida há tanto tempo?

— Andy, vamos para casa. Preciso do teu conselho sobre algo. — Rebecca puxa o meu braço, mas a sua intervenção parece perder o foco ao observar algo surpreendente a poucos passos de onde estamos.

O Antony e a Vienna estão a discutir, mais uma vez. Ele pede que ela o escute, mas ela se afasta aos poucos. É como ver uma antiga imagem entre mim e ele. A velha Andy e o Blue mais angustiado.

É de partir o coração e agora consigo perceber o seu antigo desespero, consigo perceber o quão irresponsável, egoísta e louca era por tratar um amigo que amava-me tanto de modo tão frio.

Eu tinha pedido Ao Senhor que eu nunca fosse um peso para as pessoas a minha volta; ao ver Helena a portar-se tão mal e neste momento a Vienna com o Blue, eu tinha pedido que não fosse assim, mas isso já não aconteceu?

— Vamos. — Rebecca puxa o meu braço de novo, mas eu vou contra o seu pedido e me dirijo até os dois. — Andy!

Os meus passos são estranhamente rápidos, desesperados, mas não tanto quanto as batidas do meu coração que grita que é melhor ir para casa, mas eu não me interesso. Não suporto ver essa cena! O Blue sempre tratrou-a tão bem, ele a ama tanto, mas Vienna não se importa.

— Ah, era mesmo tu quem eu queria ver.— Vienna se dirige a mim com uma fúria que não combina com ela. — Andreia, seja lá quem tenha te ajudado a continuar no restaurante, isso já passou. A partir de agora não serei mais branda contigo. Mais um erro e sais daqui.

— Vienna… — O tom do Blue é decepcionado, enquanto se coloca à minha frente, como se fosse para mim escudo protetor. — Estás a passar dos limites. Eu não te admito que fales assim com a Andreia ou com qualquer pessoa que trabalha para a minha família.

— O Heitor tinha razão. Eu só fui cega e não quis ver... — Os olhos de Vienna estão arregalados, incrédulos. — Foi mesmo por causa dela que me rejeitaste?

As suas palavras parecem gelar o ar, a minha respiração e até mesmo a de Blue, que respira com mais dificuldades à minha frente. Por outro lado, apesar dos seu olhos anunciarem que Vienna está prestes a chorar, ela começa a gargalhar.

— Então, é assim. Gostas de mulheres dissimuladas.

— Não te admito, Vienna...

— Tens mau gosto. É tudo que posso te dizer.

Vienna começa a afastar-se sem olhar para trás, mas eu já estou furiosa com ela, então, ignoro as interpelações de Blue para que a ignore.

— Vienna, como podes dizer essas coisas? Eu pensei que éramos amigas, que gostavas de mim, que gostavas do Blue, mas és completamente falsa! Não tens vergonha desse comportamento? Será que não vês que os teus actos estão a ferir as pessoas à tua volta?

Ela refreia a sua caminhada e se vira para mim com um olhar intenso, cheio de fúria e desgosto; recuo alguns passos, até voltar a avançar e manter a minha posição. Ainda quero saber porquê ela me odeia tanto e como chegou à conclusão de que eu tenho alguma coisa a ver com os gostos de Blue Thomas por uma mulher.

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