XVII Capítulo

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Andreia

= Luz, Câmera e Decepção! =

Espremo o meu telemóvel velho contra as mãos, sem saber se estou furiosa ou surpresa com o *constante que acabou de me ligar.

O que é que o Blue Thomas acabou de me pedir?

— Andy, ainda temos muito trabalho para concluir, então, podes deixar o telemóve agoral? — Quando o chefe Karl aproxima-se de mim mais uma vez para alerta-me que deveria estar a trabalhar e não no telemóvel, sinto as minhas bochechas ficarem quentes. Era suposto ser mais profissional, muito mais depois da conversa com a Ruiva Reynolds, mas metade desse profissionalismo pareceu pular do barco da Sabedoria quando o Blue mandou-me uma mensagem.

Qual foi a última vez que ele me mandou uma mensagem?

— Claro, chefe. Já vou! — Empurro o meu telemóvel na minha pasta marrom sobre o ombro e aproximo-me do computador onde estão as fotografias que devem ser filtradas para as postagens nas redes sociais sobre o concurso.

Felizmente a maioria das fotos que tirei foram aceites ou elogiadas pela equipa, inclusive uma ideia que comentei com a senhora Vita sobre transformar um dos desafios dos concorrentes em uma saída de contos de fadas. Inicialmente, pensei que seria completamente ignorada, mas a senhora Aida pareceu gostar tanto quando comentei com ela em privado que pediu que eu a partilhasse para o resto da equipa, inclusive a equipa artística. Porém, nem todos estão tão contentes com elas:

— Eu sei que parece uma boa ideia, senhora Vita, mas a área artística ainda precisa discutir sobre isso, se não for pedir muito. — Yolanda, uma mulher que parece já estar na casa dos quarenta, de cabelos crespos e olhar mordaz, finge um sorriso e eu encolho-me. — Além disso, a ideia não parece ser muito viável ou atraente.

— Mas a ideia da Andreia é espantosa, Yolanda! E eu acho que a parte artística poderiai receber mais destas com ela, ainda mais agora que o Peterson se demitiu.

— Mas, senhora Aida…

— Apenas acate o conselho, Yolanda. — Sinto-me constragida com os olhares que recebo quando a senhora Aida Vita coloca as elegantes mãos sobre os meus ombros, mas tento esboçar um sorriso para o resto da equipa. — Além de ser uma menina muito inteligente, ela quer ajudar. E ajuda é uma das coisas que esse projecto mais precisa neste momento.

A tensão que cresce no momento é tão sufocante que sou incapaz de esboçar um sorriso mais uma vez.

Salva-me, Pai.

— Eu sei que já estão cansados de ouvirem-me dizer que este concurso é muito importante para mim e para o meu marido, mas volto a frisar, porque ele realmente é. Quero que deiam o melhor de vós e que possam trabalhar em equipa. — A senhora Vita encara Yolanda e posso sentir um sorriso desafiador crescer em seus lábios, mesmo que eu só a veja pelo canto do olho. — Yolanda, não deixe de convidar a senhorita Gonzales para trabalhar contigo, com o Pedro e com a Alicia.

— Não se preocupe, senhora Vita, farei como pediu. — É visível o grande esforço que a mulher faz para expressar essas palavras, mas nada mais é acrescentado na conversa, quer dizer, tirando um discurso motivador dos Vita, nada mais é acrescentado na reunião improvisada de vinte minutos que tivemos.

Duas horas depois, estou a servir café para a senhora Yolanda e sua equipa exigente. Eles riem das minhas ideias e as descartam, mas consigo relevar isso, até perceber que eles ainda têm tempo de falar sobre o vídeo de retratação que fiz por causa do incidente no evento de moda. Tal como tinha prometido à Avril Torrez, eu fiz o vídeo e postei.

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