Blue Thomas
= Prepara-te para a Grande Corrida =
Olho para o céu noturno enquanto brinco com as chaves do meu carro.
Foi uma grande luta consegui-las das mãos estranhamente fortes da minha tia, mas finalmente as tenho de volta com a promessa de que estaria na casa do Abuelo para o jantar. Mas, eu não fui para lá.
E se cruzasse com ela?
O que lhe diria?
Agora que o nosso encontro de ontem parece mais vivo na minha cabeça, tenho a certeza que ela está a preparar um arsenal de palavras cruéis para jogar-me na cara mal nos encontremos. Portanto, nada de ir para casa dela!
— Por favor, Mandy, abre a porta. Nós precisamos conversar. — Tento bater mais uma vez na porta dela, mas é escusado.
Então, sento-me nas escadas da casa onde Mandy vive com os seus pais, pela quarta vez hoje. Ela, muito diferente do seu pai, não quer nada comigo. E com razão, afinal, a minha tia insultou-a e pelo que contou-me ainda deu-lhe dois estalos. A razão: Bianca não aceitou de bom grado ela ter-me esfaqueado.
Fico constrangido com essa informação, apesar de entender os sentimentos revoltantes da minha tia, mas saber de tudo issi apenas causa maior agonia do que satisfação. Tanto pelo meu sobrinho quanto pela alma da minha tia e da Mandy, afinal, se nós somos os melhores cristãos que Mandy Reynolds conhece ao seu redor, como poderá sequer pensar que precisa de Cristo em sua vida?
Suspiro fundo, terrivelmente arrependido por não ter orado com o Abuelo mais cedo. Teria sido bom orar com alguém, pois, sozinho não tenho sido capaz. E bem lá no fundo sei, que a doutrina não é tudo quando se trata de ser cristão, mas também a relação com O Próprio Cristo.
E são nestes momentos de grande alento que mais sinto falta do meu pai. Ele sempre tinha alguma palavra sábia para me dirigir. Foi ele que me incentivou a ler a Bíblia com intenção, amor e com temor. Era um homem bem-humorado, mas passou alguns momentos de sua vida muito triste, sobretudo, por causa da minha mãe.
Ele teria me ajudado, mas agora estou demasiado só.
E não, não consigo aguentar tudo sozinho.
— Blue? — Ignoro o chamento inicial, mas é inútil. Ao ouvir passos a aproximarem-se, é inevitável que não levante a cabeça para reparar na mulher de cabelos castanhos escuros presos e camisa preta de um E.T cor-de-rosa. — És mesmo tu. — Seu tom é surpreso, mas não tanto quanto o meu coração está ao vê-la aqui. Ou eu mesmo por sentir-me aliviado com essa nova informação. — O que fazes aqui?
— Faço-te a mesma pergunta. — Percebo que sou ríspido demais com ela, então, tento de novo. Desta vez com um sorriso gentil. — Não está um pouco tarde para andares por aí sozinha? Este bairro é um pouco perigoso.
— Eu sei disso. — Andreia responde de modo desanimado. — Vivo aqui, esqueceste?
Baixo levemente a cabeça ao ser lembrado desse facto. Quer dizer, Andreia ainda precisa caminhar um pouco antes de chegar à casa do seu avô, mas não é tão longe daqui e não é um bairro diferente.
— Para ser sincero, sim — admito. — Entra no carro, vou levar-te para casa.
— Não, obrigada. Prefiro ir à pé a ter que lidar com outra maluquice hoje.
— Estás a me chamar de maluco, por acaso? — pergunto num tom surpreendentemente animado, porém, ela não parece do mesmo modo.
— Também, sim.
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Mitigar
RomanceAndreia é uma jovem cristã que deseja recomeçar os seus passos depois de receber a conversão. Numa nova cidade, mas com pessoas que muito marcaram as suas lembranças, ela terá que lidar com as consequências dos seus erros passados, enquanto, tenta r...