Andreia
= Patos que Não Sabem Voar =
Reparo com desgosto para o fato de pato sobre a minha cama.
Nunca tive dúvidas sobre o cansaço que uma sessão fotográfica poderia causar; como fotográfa, esperava estar neste estado depois de um grande dia, mas a principal razão para o meu estado não é *interno, mas *externo.
Ou seria o contrário?
Não importa!
Tudo o que sei é que talvez não devesse ter *aceito o convite de Avril, que não deveria ter cedido novamente aos seus caprichos porque seguí-la foi o início da minha separação com o Blue ou pelo menos aquilo que faltava para ele se cansar de mim e, até mesmo, garantir que aqueles que lhe são mais próximos, como a Vienna, também me odiassem.
Nem sei se depois daqui quererei novamente trabalhar com a empresa VIDAMINA, mas pelo menos, parece que os meus empregadores gostaram das fotos que tirei e devo dizer que eu também. Apesar de toda a sua tendência para ser mimada e arrogante, a Avril ainda é uma excelente modelo e ela sabe usar toda a sua beleza para o bem quando quer.
— Nieta, que fantasia é essa? — O Abuelo pergunta com uma gargalhada reprimida quando vê-me vestida com um fato de pato que lembra o pato amarelo, muito desconfortável e quente. Felizmente, não tem uma cabeça para usar, se não, o meu sofrimento seria maior.
— É ridículo, eu sei, vô… — Sorrio. — Mas é para uma festa. Uma festa de máscaras.
— Festa? — Confirmo ao reparar no semblante reprovador do velho Gonzáles. — E, será como antigamente, Andy?
Como antigamente?
Antigamente, eu ia a tantas festas que passava parte da semana completamente ressacada e sem querer falar com ninguém. Eu “ divertia-me” tanto que quebrava propriedades alheias e tinha sempre que ser resgatada pelo Blue para não ser presa. Passava os dias trancada no meu quarto com vergonha do que fiz, mas sem vontade de mudar. Achava que eu era uma causa perdida.
E, talvez, para o Mundo, eu fosse.
— Nem pensar, abuelo. O Senhor queira que não! Tudo o que eu vou fazer é apenas cumprimentar, não vou demorar. Nem quero saber se eles vão servir algum prato que eu gosto. Vou apenas cumprimentar a senhora Keiroz e a Avril, depois volto para casa.
— Avril? A Avril Torrez? — Surpresa enfeita o rosto velho do meu avô e o meu estômago se embrulha. — Aquela menina… As coisas que ela fez. Vocês ainda têm contacto?
— Não, abuelo. Também, foi uma surpresa para mim encontrá-la hoje mais cedo, mas não se preocupe, ela não pode mais atingir-me como antes. Desta vez tomei cuidado e será assim daqui para sempre. — Garanto, apesar de estar incerta.
— Mas aquela menina e o George…
— Está tudo bem. De verdade.
Não deixo que a conversa se estenda, afinal, o uber que a Avril chamou para mim acaba de chegar. Abraço rapidamente o meu avô e sigo até o veículo estacionado na minha porta.
Reviro os olhos para a insistência de Avril para que eu vá em sua festa. Eu poderia pagar pelo uber, mas ela até pagou simplesmente para garantir que eu não faltaria. Além disso, ela agora sabe onde vivo e tem o meu número novamente.
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Mitigar
RomanceAndreia é uma jovem cristã que deseja recomeçar os seus passos depois de receber a conversão. Numa nova cidade, mas com pessoas que muito marcaram as suas lembranças, ela terá que lidar com as consequências dos seus erros passados, enquanto, tenta r...