Mitigar

XXXI Capítulo

Andreia

= Cuidado Com Suposições =

Cores primárias.

Lembro-me de uma antiga questão depois de tornar-me uma nova criatura: porquê O Senhor criou cores cujas misturas formam outras?

Porque preciso misturar o azul e o amarelo para obter o verde em vez do verde ser uma cor originária de si mesma?

Com estes pensamentos logo percebi que Deus não é como ninguém que eu conheço, muito menos como eu. O Senhor bem disse em Isaías 55:8-9:

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos. 

Os Seus planos muitas vezes diferem dos meus, como os desta vez. Eu queria ensinar aos meus alunos sobre a “ régua visual”. Ensinar aos meninos como medirem pelo olhar aquilo que pretendem desenhar, mas agora, os meus pequeninos e o meu ajudante fiel, Xu Zian, convenceram-me em fazer um retrato da pequena Alma, que não parece muito confortável com tantos olhares.

Cada pincelada que dou, gera a curiosidade, elogios ou conselhos de tantos pares de olhos e bocas à minha volta. Eles estão animados, diferente de mim. Afinal, o meu avô saiu hoje de manhã para Sarimpi, para visitar os meus pais e irmão.

Dentro de mim, eu vejo isso como uma ofensa, mas ainda assim, fico na expectativa de que eles tenham uma grande uma *reconsiliação e, talvez, que ela chegue até mim.

Estou tão cansada de guardar rancor dos meus pais e não posso esperar um pedido de desculpas para sempre. Como poderei pedir perdão Ao Senhor se nunca perdoo ninguém? Como posso pregar o perdão sequer? Porém, nem sei por onde começar ou quero começar. E, talvez por isso, por não saber ou querer, tenha que ainda assim aguentar a angústia dentro de mim e parar de reclamar.

— Profe, quando vais me ensinar a pintar assim? — Xu Zian pergunta do meu lado, com uma expressão abobadada. — Se eu pintar alguns dos quadros da Missie Andy deste modo, a minha banda desenhada vai fazer sucesso quando publicar.

— Missie Andy? — questiono, já com medo. — Alma, fica quietinha, querida. Greg, deixa o braço da Alma.

— Professora, eu deveria estar nesse quadro! — O menino puxa o braço da sua colega novamente, desta vez, com um pouco mais de furor. — Olha para ela: a Alma vai chorar.

A atitude grosseira de Gregory parte o meu coração, principalmente, quando a Alminha faz menção de sair da cadeira. Mas o meu desenho já está quase terminado e não penso em repetir.

— Nós votamos, Greg. A Alma mereceu estar sentada aí — Xu Zian intervém com inflexibilidade. Nestes momentos, eu gosto de ter um ajudante.

— Mas, ela não quer. Ela está quase a chorar, Zian. Vocês nem sabem ver o básico.

Finalmente, deixo o material de pintura de lado, muito chateada por tal atitude. Começo a repreender seriamente o menino, sem deixar espaços para respostas e impeço que Alma se levante, ao lembrá-los que devem ser pacientes com as dificuldades uns dos outros, com um carácter igual de Cristo.

Ainda ouço pequenas reclamações, mas elas diminuem aos poucos até voltarmos a um estado de harmonia, de perguntas de desenho e explicações, que farão mais sentido na frente.

Quando a aula termina, convido Xu Zian para comermos algo no refeitório da instituição. Ele, diferente da maioria das vezes, aceita comer comigo. O adolescente parece mais animado que o normal e quando comento isso, ele sorri ao dizer: