Andreia
= Confia No Senhor =
Olho para as paredes brancas do hospital geral da Cidade e automaticamente lembro-me de quando ouvi pela primeira vez que cores, assim como, palavras, expressam ideias.
Rosa passa a ideia de um amor puro; amarelo de alegria e diversão. O vermelho se destaca por falar da paixão e do perigo, e, finalmente, o branco transmite a ideia de paz e tranquilidade.
Sim, talvez, se as paredes deste lugar fossem pintadas em tons mais escuros ou berrantes, isso seria estranho ou diferente como o homem de pele alva, cabelo castanho e chapéu panamá na cabeça, que está apoiado na parede, do lado da Bianca.
Não sei quem ele é, mas tenho a certeza que foi Bianca que o chamou para ver o Blue depois das duas da manhã. Mas, nada disso importa neste momento, nem mesmo a cor branca nas paredes, pois, ela não me traz calmaria, mas medo.
Medo do futuro, medo deste lugar. Então, tudo que faço é fechar os olhos e orar baixo, apoiar os meus pensamentos no ombro esquerdo da Mia.
— Minha querida? — Mia chama, mas não respondo ou sequer me movo. Se ousar mover-me talvez eu tenha que admitir que não estou bem. — Andy?
— Será que ele está bem? — É tudo que posso perguntar antes que sinta uma tristeza que quer encher os meus olhos, mas respiro fundo para que isso não aconteça. — Eu fui tão estúpida, nem sequer notei que ele estava a sangrar. O Blue tem razão, eu só penso em mim mesma e nunca nos outros. E agora, por minha culpa ele… Ele pode…
Sem esperar, recebo uma abanadela chateada de Bianca que parece impaciente. Depois de vir ao hospital com a ambulância há algumas horas atrás, eu chamei-a aos prantos. Depois, chamei o abuelo e a Mia. Ela foi a primeira a chegar, abraçou-me e, apesar de demonstrar preocupação, Bianca não me pressionou imediamente para contar sobre o ocorrido. Bianca não parecia irritada comigo, mas agora parece.
— Pára com isso, Andreia! O meu sobrinho não vai morrer. Tenho a certeza que boas notícias logo chegarão e o homem que vos ajudou a chegar até aqui disse que o corte não parecia profundo. Então, coloca a cabeça no lugar, mulher!
— M-mas…
— Pára! — Bianca grita, inflexível e pressiona cada vez mais os meus braços.
— Bianca, acalme-se e, por favor, não fale desse modo com a Andy ou com outra pessoa qualquer. Estamos num hospital, não se esqueça. — Vovó intervém, cansado. Certamente, devo tê-lo tirado do seu sono com a minha choradeira por telemóvel.
— Avô… — Bianca estala a língua e finalmente consigo desinvencilhar-me dela; decido, então, trocar de lugar com Mia, que não pára de rir do ocorrido. — Veja como Andreia age. Começo a ficar eu alarmada ao vê-la nesse estado e não podemos perder a calma agora. Deveríamos apoiarmo-nos uns aos outros e orar. Orar Ao Senhor para que Ele nos fortaleça.
— É verdade. — O vovô coloca um sorriso torto que vagueia entre mim e Bianca. — Mas acalme-se, neta. Todos sabemos que a Andreia é um pouco mais sensível à esse tipo de notícia. Então, devemos ter paciência com ela. E, talvez, comprar uma garrafa de água. Importa-se de comprar uma?
A minha gerente respira fundo, mas parece se dar por vencida e aceita as indicações do vovó. Sinto-me completamente estúpida por ouvir toda a conversa sem poder acrescentar alguma coisa, mas não vejo outro modo de como poderia estar ou responder.

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Mitigar
RomanceAndreia é uma jovem cristã que deseja recomeçar os seus passos depois de receber a conversão. Numa nova cidade, mas com pessoas que muito marcaram as suas lembranças, ela terá que lidar com as consequências dos seus erros passados, enquanto, tenta r...