XVI Capítulo

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Andreia

= O Valor de Uma Pessoa =

Depois de um dia de muito trabalho, receber um jantar tardio gratuito era o que eu mais precisava e nem sabia disso. Nunca pensei que o senhor e senhora Vita fossem pessoas verdadeiramente agradáveis, apesar das *numeras piadinhas que me deixaram constragida durante boa parte do almoço e jantar que eles me ofereçam. Também, não imaginei que Karl Choi fosse terrivelmente exigente com o trabalho fotográfico, nem que ficássemos várias horas a escolher metade das fotos que seriam escolhidas para o concurso.

Este é o meu primeiro grande trabalho e além de Karl, muitas outras pessoas avaliaram o meu trabalho até aos últimos detalhes. Senti-me uma lagarta tonta quase o tempo todo, mas, pelo menos, era uma lagarta feliz. Só não gostei de ter chegado tão tarde em casa do meu abuelo, quase de madrugada, ou de ter que vir trabalhar hoje no Meet. Ainda assim, sou grata Ao Senhor pela grande oportunidade. Olhar para Ele neste momento de grande tensão, faz-me sentir em casa mesmo que esteja dentro do armário das vassouras, que é escuro e um pouco mal-cheiroso.

— Ei, Andy! — Sinto um estalo nas minhas costas e logo abro os olhos em fúria. Becca ri disso, mas se desculpa logo.

— Que péssima maneira de acordar uma amiga — reclamo, mas a minha amiga ri mais uma vez.

— Pelo menos, não vais ficar sem o emprego. O senhor Thomas está a tua procura, Andy. Há quinze minutos que saíste a dizer que irias para o banheiro e até agora não voltaste. Ele está furioso!

Suspiro pesadamente sem me levantar do chão nada aconchegante da sala dos arrumos, o melhor esconderijo desse lugar se não fosse por Becca.

— Quem está *furioso sou eu, Becca… — Reviro os olhos, antes de pousar a cabeça nos meus joelhos. — Agora que o senhor Thomas voltou ao Meet, temo nunca mais poder descansar de um olhar *reprovante. 

Becca se senta do meu lado, enquanto, afaga os meus cabelos com ternura. Depois da nossa grande discussão nos balneários, resolvemos fazer as pazes, afinal, somos companheiras de caminhada nesta Terra. Nos apoiamos na nossa caminhada e, além disso, em Cristo somos chamados a perdoar aqueles que nos ofendem, então, não havia tantos motivos para andarmos chateadas uma com a outra.

— Eu sei que hoje não tenho sequer tentado ser a melhor empregada do mês, mas estou um pouco, quero dizer, muito cansada. O trabalho ontem em Village Point foi cansativo e o pior é que nem terminamos. Mal pude dormir quando cheguei em casa de madrugada e tenho que trabalhar novamente amanhã cedo.

— Mas isso é óptimo, Andy! Estás a ganhar trabalhos e é disso que precisavas, lembraste? — Posso não vê-la, mas sei que sorri. — Eu sei que o trabalho é difícil, eu também estou no ramo afinal, mas também sei que vale a pena quando dámos o nosso melhor e vemos crédito disso.

— Como consegues ser assim tão optimista, Becca? — A minha pergunta é sincera, mas não tenho uma resposta rápida, tanto que posso sentir os meus olhos arderem. — Eu não sei ser assim, eu só consigo sentir-me muito, mas muito pequena. E também… Eu não sei se consigo arcar com tanta responsabilidade. E se eu falhar? Até já comecei a receber centenas de críticas depois de admitir que menti sobre o centro desportivo. E se na frente ser pior? Eu não vou aguentar, mas tu, pelo contrário... Tenho a certeza que tu serias muito melhor a resolver os meus problemas e farias isso com alegria, porque essa é quem tu és: esforçada e alegre.

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