— Senhorita Menezes, qual desses cartões de boas-vindas a senhorita prefere? — perguntou Sheila, uma das funcionárias de Augustine que estão me ajudando.
— O vermelho com as letras brancas; foi o que eu achei mais bonito.
— Devemos deixar nas cadeiras ou entregá-los assim que os convidados chegarem?
— Entregá-los na chegada, acho que é mais humano.
— Certo, mandarei iniciarem a produção do cartão escolhido.
— Obrigada, Sheila.
Ela assentiu com a cabeça e se retirou da minha sala. O desfile estava cada vez mais próximo e a minha ansiedade só aumentava. Nicolas está se esforçando bastante na Amélie's, junto com Letícia e Cátia. Eles estão fazendo o possível e o impossível para que tudo esteja pronto até o dia do desfile.
Sentei-me na minha cadeira, suspirando de alívio. Estar com trinta e cinco semanas de gestação não é tão fácil quanto as famosas fazem parecer ser. Estar grávida é extremamente cansativo e dolorido. Até a minha parte íntima dói com o peso de Amélie. É difícil dormir e até mesmo respirar. É como se eu tivesse extrapolado na comida e estivesse cheia até a boca. Estava me sentindo assim o tempo todo. Mas, sempre que eu a sentia se mexer dentro de mim, eu tinha certeza de que tudo valia a pena. A minha garotinha estaria nos meus braços muito em breve. Eu mal podia esperar para ver o seu rostinho pela primeira vez. Mal podia esperar para sentir o seu cheiro. Para sentir o tão famoso amor incondicional.
Escutei alguém bater na porta e, ao ouvir a voz de Augustine, liberei a entrada na mesma hora. Levantei-me imediatamente para mostrar eficiência. Ela entrou na sala com um grande sorriso nos lábios. Augustine já aparentava estar bem debilitada, mas isso não a impedia de ir trabalhar. Em um dia desses, ela me confidenciou que queria trabalhar até o último dia da sua vida, pois já tinha se ausentado demais da empresa por conta da doença. A verdade era que ela não se sentia doente enquanto trabalhava. Trabalhar era o seu escape da realidade.
— Acho que nunca havia te visto de rosa — comentou ela. Olhei imediatamente para o meu vestido, sentindo as minhas bochechas corarem. Nunca imaginei que ela, uma das pessoas que conheço que mais entende de moda, reparava no que eu, uma funcionária qualquer, vestia.
— Vou com Nicolas para um curso sobre recém nascidos após expediente. Eles pediram para as mães de menina irem de rosa. Achei algo bem clichê e antigo, mas não custa nada ir assim. — Expliquei.
— Você está um charme.
— Obrigada.
— Vim avisar que as modelos chegaram para a sessão de fotos. Elas já estão provando as roupas.
— Maravilha! Já estou indo para lá.
— Vou te acompanhar.
Sorri em agradecimento.
Nós saímos da sala juntas, na mesma hora.
Desde que Augustine revelou que realizaria o meu desfile, em todas as vezes em que aparecemos juntas, as pessoas nos encaram com curiosidade. Por alguma razão, isso não me afeta tanto como me afetava antes. Talvez seja porque eles olhavam mais para ela do que para mim.
— Eles me olham como se eu fosse cair morta a qualquer momento.
— Não ligue, essas pessoas não devem ter nada de empolgante em suas vidas.
Augustine riu, passando o seu braço pelos meus ombros.
— É por isso que eu gosto de você!
Se ao menos ela soubesse como eu me sentia em relação a esses olhares há meses...
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Me odeie, mas me ame.
RomanceEloise descobriu que algumas taças de vinho podem alterar o curso de uma vida. E, bem... foi exatamente isso que aconteceu. Tudo começou a dar errado no momento em que ela e seu pior inimigo foram escolhidos como padrinhos do casamento de sua irmã. ...