TRÊS MESES ATRÁS

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Dylan Narrando

Ela era a terceira. A terceira mulher que eu dispensava aquela noite. Nem sabia seu nome, só que era gostosa, mas não o suficiente para mim. Eu gostava das loiras. Elas eram sempre as mais safadas, e faziam de quase tudo para agradar um homem. As negras também se encaixavam em meu perfil. Particularmente, eu nõo curtia as morenas. Só tinha pegado umas meia dúzias em todos os meus trinta e seis anos, mas sempre as achei frias, ou talvez o termo correto fosse mornas. Sim, elas eram mornas demais.


Em geral era sempre assim, ao menos em minha percepção: As loiras eram quentes, as negras eram fogosas, e as morenas? Bem, essas ou eram frias ou, com sorte, mornas. As ruivas? Eu não tinha muito o que dizer delas. Nunca achei uma que realmente me interessasse.
Eu estava recostado no balcão da minha  boate-bar preferida, bebendo meu uísque enquanto observava a minha volta. Mulheres iam e vinham, algumas dançavam e riam no meio da pista mal iluminada e esfumaçada, com luzes coloridas pra lá e pra cá. Um Dj liderava o som com uma ótima trilha sonora, alternando e remixado com maestria. Musicas como Elastic Heart, Outside, I Gotta Feeling, entre outros sucessos eram tocadas de um estilo diferente e mais dançante. Quase sedutor.
 Num outro canto, mais afastado, observei as pessoas sentadas nas mesas, curtindo um clima mais leve e se divertindo, uma caixa de vidro em volta para abafar um pouco do som. Ao contrário de muitos, eu estava sozinho. Naquela noite de caçada, meus amigos já haviam se achado com as mulheres que queriam e se perdido sabe-se la em que motel por aí, deixando-me para encontrar a minha a sós.


Não podia culpa-los, eu era bem mais exigente em minhas caças do que eles. Todavia, tinha lá meus dias de caridade, onde pegava a primeira que me desse mole. Mas hoje não era o caso.
Meus olhos varreram todo o lugar. Já estava a ponto de partir para a morena que tinha me dado mole a alguns minutos atrás, antes de eu dispensa-la carinhosamente - e ela ainda me observava de longe, como se esperasse que eu mudasse de ideia - quando meus olhos foram para a entrada e eu a vi novamente.


Instantaneamente, meu corpo respondeu só em vê-la, o que era estranho já que Scarlatti era morena. Não costumava ficar tão empolgado assim com as morenas, mas ficava com ela.
Scarlatti não era uma estranha como qualquer outra daquele bar. Não. Porém eu a conhecia ao mesmo tempo em que não sabia nada além do que todo o resto; Ela era a detetive que meu irmão contara para investigar sobre quem estava perseguindo sua atual ex-mulher, pela qual ainda era alucinado.


Nora era minha amiga, uma pessoa que aprendi a amar e respeitar como irmã, e só por isso ainda torcia para que perdoasse meu irmão insano. Okay, Derik não era tão insano assim. Aliás, eu era o irmão insano e inconsequente e irresponsável. Derik era totalmente o oposto de mim, mesmo sendo mais novo. O problema que o fez "perder" a mulher recentemente foi sua mania de  - fora a dedicação ao trabalho. O cara era vidrado nisso. Era irritante e sufocante às vezes, inclusive comigo. Mas eu o amava e o apoiava, e, se Nora corria perigo, eu o daria todo o apoio no que quer que fosse para mantê-la segura. E foi o que fiz  quando decidiu contratar Scarlatti, já que mal confiava no potencial de investigação dos policiais. Mas não foi apenas porque Scarlatti era linda, com um corpo escultural e olhar sensual penetrante que o apoiei; Era porque ajudaria Nora e meu irmão.
Scarlatti olhou em em volta como se analisasse se valia a pena entrar ou não no recinto, até que seus olhos pousaram em mim. Eu sorri e acenei para ela, erguendo meu copo de uísque já quase vazio.
Virei-me para um dos bar tenders e deixei o copo sobre a mesa. Ele entendeu o recado e rapidamente voltou a enchê-lo.


- Não sabia que iria encontra-lo aqui - veio a voz de Scarlatti ao meu lado, um misto de arrogância, sensualidade e imponência.
Eu dei um gole na bebida e finalmente me virei para ela.

- Estava me procurando? - Sorri lentamente.
Scarlatti ergueu uma sobrancelha e passou os olhos felinos sobre mim.
- Dificilmente - desprezou. Se virou para o barman também e pediu uma dose de tequila.
Olhei-a de cima a baixo, tentando não me sentir incomodado com seu desprezo. Ela estava linda, é claro, vestida com um vestido preto solto e de manga curta até o meio das coxas, parecendo um blusão, e botas pretas até os joelho. Os cabelos negros e lisos presos no alto da cabeça num rabo de cavalo.

Minha Tentação - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora