Emoção era pouco para descrever ao certo o que eu estava sentindo. Uma tonelada de confiança e auto-estima profissional me atingiu em cheio.
- Obrigado, cara - eu digo, batendo no ombro do meu irmão quando ele me soltou - Mas, o que você faz aqui?
- Uma pessoinha me convidou - ele sorriu.Estou prestes a pergunta-lo quem, somente para ter certeza de que foi Scarlatti, quando Mariáh, uma moça magra e de rosto chupado, vem me parabenizar, assim como o babaca do Renan, e o Richard. Eu agradeci com apertos rápidos de mão e os elogiei também, pois não teria conseguido nada sem suas técnicas e sugestões. Eles faziam parte daquilo tanto quanto eu.
Depois de todos os cumprimentos, inclusive o da quentíssima Juliette, todos se aglomeraram em volta da mesa de café para se servirem de bolo, chá, frutas, e suco. Eu estava feliz e empolgado, conversando animadamente com Juliette enquanto beberica minha xicara de café. Três minutos de conversa mais tarde, eu descobri que ela era uma mulher entediante. Só falava sobre trabalho, e quando eu tentava puxar um assunto mais leve e despojado ela dava a resposta e se lembrava de algo que aconteceu no trabalho. Não era o tipo de mulher para mim, embora eu não pude deixar de imagina-la nua a cada segundo. Meu irmão conversava com Richard, Mariah, o babaca do Renan e mais alguns outros funcionários, e, com expressão concentrada no rosto, eu soube que também deviam estar falando sobre negócios.
Eu ainda me sentia excepcionalmente bem, enérgico e atônito. Minha mente ainda achando difícil registrar tudo. Tinha mesmo acabado? Fácil assim? Scarlatti estava certa o tempo todo...
De repente, dei-me conta de que não tinha vindo falar comigo. Percorri a sala com os olhos e a vi num outro canto, perto da mesa, conversando a sós com o senhor Bene, que a observava com aqueles olhos de gavião. Algo dentro de mim se incomodou e varreu parte da alegria para fora, deixando a irritação no lugar.
- Com licença - eu murmurei para Juliette, saindo sem nem esperar sua resposta.
Scarlatti sorria e assentia para o velho a sua frente - que devia ter a idade do seu pai!
- Você iria amar! É uma casa maravilhosa! Ampla e com muitos quartos...
Só o que peguei da conversa já me enfureceu, mas tentei disfarçar.
- Aqui está você! - Exclamei, tendo o cuidado de por um braço em volta de sua cintura bem definida.
Scarlatti olhou para meu braço em volta de si com testa franzida.
- Estava me procurando? - Questionou, e não consegui identificar nenhuma emoção em sua voz.
- Mas é claro! Nada disso não teria acontecido se não fosse por você - e eu estava falando a sério.
Foi uma semana em tanta! Com brigas, birras e estresse, mas ela tinha estado comigo, como disse que estaria. E ainda tinha trago meu irmão - porque somente ela poderia ter armado aquilo.- Senhorita Scarlatti é uma mulher incrível! - Senhor Bene urrou, parecendo realmente encantado. Os olhos cansados e sagazes brilhando para ela.
- Sei que é - concordei, apertando sua cintura e a puxando levemente para mais perto. O fato dele parecer um cachorrinho babando na frente de um osso suculento na vitrine, me incomodou profundamente. Eu não entendia de onde vinha aquilo, afinal, Scarlatti não era nada minha. Mas ela já foi um dia, não foi? Eu tinha o direito de reclama-la, não tinha?Scarlatti me lançou um olhar indecifrável.
- Você poderia me acompanhar até nossa sala um instante? - Pedi-a.
- Para? - Ela inquiriu.
Tentei buscar um assunto de trabalho na mente.
- Um ponto que gostaria de discutir...
- Se for sobre o comercial, esqueça! Tudo está perfeito como está - o senhor Bene se intrometeu.
- É sobre, huh... um outro trabalho - lancei um olhar rápido a ele, e voltei a encarar Scar - Vamos?
- Eu estava conversando com o senhor Bene sobre ir a casa de praia dele, em Fernando.
Eu parei.
- Fernando? De Noronha? Fernando de Noronha?
- Sim - o velhote se intrometeu outra vez, arrogante - Tenho certeza de que a senhorita Scarlatti iria adorar conhecer as instalações...
- Possivelmente uma outra hora - eu o cortei, tentando mesmo me manter educado, fingir que não estava percebendo aquele idoso disfarçado e dinherudo tentando conquistar Scarlatti bem na minha frente!
- Tem mesmo que ser agora? - Scarlatti me perguntou, e algo em seu olhar me disse que ela sabia que não iríamos discutir sobre trabalho.
- Tem!
Ela suspirou, cedendo de má vontade, e pois a xícara com chá na mesa.
- Tudo bem...
Mau esperei que terminasse de falar e puxei-a pela mão.
- Dylan... - meu irmão tentou me parar.
- Falo com você daqui a meia hora - respondi a ele, sem parar.
Assim que saímos da sala, Scarlatti tentou se soltar, mas minha mão era firme em torno da sua e consegui leva-la até o elevador sem que surtasse de vez.
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Minha Tentação - CONCLUÍDO
Literatura FemininaDuas vidas, um único destino. Dylan Sanchez nunca quis ser o tipo de cara que se tornou; mulherengo, irresponsável e temperamental. Seu sonho era ser tudo o que seu irmão conseguiu ser e ter; um homem bem sucedido profissionalmente, com uma esposa...