Minha Tentação - CONCLUÍDO

Scarlatti Narrando - II Parte

Errado e certo. A linha tênue que dividia um do outro já não existia para mim. E estar com Dylan envolvia este dilema: Era tão errado, mas também muito certo.
Minha mente gritava uma coisa, mas meu corpo berrava outra, e meu corpo desejava o dele. Pra ser sincera, até minha mente não estava isenta dele. E estar beijando-o naquele momento foi a melhor coisa que me ocorreu em semanas.

Os lábios de Dylan eram os mesmos, assim como seu talento para beijos não havia alterado. Seu hálito tinha um frescor diferente, provido do champanhe, e minha língua se banhou com o sabor da sua. Todo meu corpo parecia aceso ante ao seu contato e nossa proximidade. Meus movimentos contra seus lábios se tornaram famintos, urgentes. Sentindo a mão de Dylan descer até minha bunda enquanto a outra se embrenhava nos cabelos na minha nuca, eu soube que ele devia estar sofrendo do mesmo mau que eu. Desejei estar com ambas as mãos livres, ansiando me agarrar em seus cabelos rebeldes, mas só pude jogar meu braço sobre seu pescoço, enquanto o outro sustentava o troféu entre nós - outra coisa que me incomodava, já que me impossibilitava de sentir todo seu corpo contra o meu.

- Eu senti tanta saudades, Scar... - Dylan murmura contra meus lábios, a mão passeando por minha bunda e quadril - Me diz que podemos ir a algum lugar agora... - ele arfa contra meu ouvido. - Eu preciso sentir você, Scar... Eu preciso... - Eu fecho os olhos, perdida com a sensação de sentir seus lábios por meu pescoço, minha orelha, e então minha boca novamente.

- Meu carro... - minha voz sai mais rouca do que eu gostaria, denunciando o quanto o desejava.

As duas mãos de Dylan seguram meu rosto. Tento não me sentir mau ao notar como o gesto parece dominador, enquanto respiro ofegante. Sua respiração não está melhor que a minha, fazendo com que seu peito másculo suba e desça freneticamente.

- Carro? - Ele reflete, e vejo seus olhos adquirindo um brilho devasso a medida que se dá conta do quão bon pode ser - Parece uma boa idéia...

- Você acha? - Arfo, passando minha língua por seus lábios. Não resistindo, dou uma mordida em seu queixo no processo.

Dylan suspira com os olhos fechados e assente com exaspero.

- Sim... Qualquer lugar...

Eu me afasto dele com um empurrão, deixando-o desnorteado por meio segundo.

- Então vai - digo-o, já lhe dando as costas - Encontre-me no estacionamento em dez minutos. - Eu não ouço sua resposta, porém, de alguma maneira sinto seu sorriso.

Assim que chego ao lado de dentro, faço um pausa para me recuperar. Como não tenho tempo para ir ao toalete, uso das vidraças que cercam boa parte do salão. Meu coque ainda está perfeito com os Hashis, e ajeito somente as ondas caídas em meus ombros, que parecem terem se transformado em tsunamis. Aliai meu vestido com uma mão, em seguida limpo os pequenos borrados que de batom que há em volta dos meus lábios. Pronto! Melhor do que isso não pode ficar, penso.

Procuro por Jorge nas redondezas da mesa em que estávamos, e o encontro metido numa roda de senhores. A única mulher entre eles é Laura, que parece os estar divertindo. Tavinho também está ali, para minha surpresa, trajando um terno simples e sofisticado. Quando me avista se aproximando, seus olhos brilham feito dois faróis. Pela primeira vez, sinto-me incomodada com sua paixão platônica por mim, como se me desse conta somente agora que ele nunca terá chance comigo e que isso pode vir a entristecê-lo. Otávio é um ótimo funcionário e um bom menino. Provavelmente também um bom amigo e namorado, mas não há chances de estreitarmos nossa relação.

- É bom te ver, Otávio - sorrio, sendo sincera. Também resolvo voltar a chama-lo como deveria, esperando que não crie fantasias provindo do apelido que inventei apenas para provocar Dylan.