Capítulo oito

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Quando entramos no restaurante Gabriel já estava em um pequeno palco, tocando e cantando. Sei que pode ser óbvio o fato de que ele é bom, já que tem uma banda que está fazendo sucesso em sua região, mas mesmo assim fico impressionada com seu talento.

Não consigo identificar a música que está cantando, mas o está fazendo incrivelmente bem. Não consigo tirar meus olhos dele após sentarmos em nossa mesa, há poucos metros do palco.

Quando vê Pedro e eu, Gabriel abre um sorriso enorme e, mais uma vez, eu estou sorrindo de volta sem querer.

- Ele canta muito bem! – Pedro sussurra para mim.

- Verdade.

O garçom se aproxima e eu peço uma porção grande de peixe e batatas fritas, e dois sucos.

Nós assistimos a apresentação de Gabriel por cerca de quarenta minutos, hipnotizados. Em certo ponto da noite, após terminar de cantar uma linda música, ele segura o violão com apenas uma mão e se inclina para o microfone.

- Boa noite – ele diz com um leve sorriso no rosto. – A última música quero dedicar aos meus dois amigos, Olívia e Pedro, que vieram me assistir hoje.

- Somos nós! – Pedro diz, animado, um pouco alto demais.

As pessoas ao redor se viram para nos olhar e posso escutar risadas abafadas. Pedro se encolhe, envergonhado.

Quando Gabriel começa a tocar, imediatamente reconheço a melodia de "Say", de John Mayer. Gosto da música. Fecho meus olhos e inclino minha cabeça contra a cadeira, apenas aproveitando o momento. Canto a música toda junto com ele e, antes que acabe, abro meus olhos para encontrar Gabriel com seu olhar fixado em mim. Mesmo que esteja há metros de distância, sinto a intensidade de seus olhos e, antes que eu me permita ficar constrangida, fecho meus olhos novamente.

Poucos minutos depois, Gabriel se aproxima de nós na mesa com uma garrafa de água nas mãos.

- E aí, gostaram?

- Muito! – Pedro responde, feliz. – Você foi muito incrível!

- Sua irmã também acha isso?

Os dois olham para mim e eu sorrio.

- Poderia ser melhor – respondo.

Gabriel ri.

- Acho que isso é o mais próximo de um elogio que eu vou ganhar.

- Não se preocupe – digo. - Foi legal. Eu nem mesmo fiquei com dor de ouvido.

- Perfeito – ele diz, me encarando por mais tempo do que o necessário.

- Ei! – Pedro chama nossa atenção. – Será que podemos dar uma volta na praia?

- Já está tarde, Pedro – falo.

- Oli, você disse que nós iríamos para casa às 21. Agora são 20 horas. Temos mais uma hora disponível.

Gabriel sorri.

- Ele tem razão.

O que posso fazer? Meu irmão é muito espertinho.

Caminhamos na praia por alguns minutos, até que percebi que Pedro estava ficando cada vez mais quieto e sonolento. Gabriel veio de carona conosco e, quando chegamos em casa, ele tirou Pedro do carro e o carregou até a cama, para que não precisássemos acordá-lo.

- Acho que ele não vai acordar tão cedo – Gabriel diz quando sai e fecha a porta do quarto atrás de si.

Eu estou encostada na parede contrária do corredor, também muito cansada.

- Obrigada pela ajuda.

Ele balança a cabeça.

- Eu que agradeço – ele diz, passando a mão rapidamente por seu cabelo. – Obrigado por ter ido me assistir. Decidi ontem que queria tocar em algum lugar hoje e por sorte consegui.

- Foi realmente muito legal. Você é bom.

- Uau, isso foi um elogio? – ele pergunta, chocado.

- Talvez.

Nós dois sorrimos.

- Eu estou cansado, então...

- Sim, eu também. Só vou dar mais uma conferida em Pedro.

Gabriel sorri.

- Boa noite, Olívia.

- Boa noite.

Eu espero no corredor até que o vejo entrar em seu quarto. Enquanto caminha, não consigo parar de pensar em como sua camiseta cinza realçava seus olhos.

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora