Pedro, após muitas orientações do médico, é liberado no dia seguinte, para a minha alegria. Passei a noite toda acordada; como poderia dormir depois da conversa que tive com Gabriel? Como poderia dormir depois do que quase aconteceu entre nós? Até agora meu corpo está me amaldiçoando por não ter ido em frente e o beijado quando tive a chance.
Quero me dar um soco bem no meio da cara para ver se consigo me livrar dessa... vontade de estar com Gabriel, de saber como seria beijá-lo, de como seria abraça-lo sem peso na consciência. Ao mesmo tempo, quero ficar o mais longe possível dele, para que nada atrapalhe o relacionamento seguro que tenho com Bernardo.
Com milhões de pensamentos e sentimentos controversos, deito a cabeça no travesseiro para descansar por volta das 10 horas da manhã. Felizmente, durmo assim que fecho os olhos.
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- Olívia, se você gosta dele, faça alguma coisa! – Lúcia dizia, rindo. – Ele não vai adivinhar sozinho.
Eu suspiro, frustrada. Nós estávamos na festa de uma garota que eu nem mesmo sabia o nome, que estava na nossa turma de química, e eu observava Bernardo dançando com uma patricinha qualquer. Que noite trágica.
- Mas o que eu faço? Não posso parar ao lado dele e dizer "Oi, beleza? Eu estou um pouco apaixonada por você".
- Claro que pode! É isso o que você deveria fazer!
Eu reviro os olhos.
- Você e mamãe são péssimas para dar conselhos.
- Você contou para a sua mãe? – ela pergunta.
- Contei – respondo. – Ela disse que eu deveria contar a ele.
- Sua mãe sabe o que é melhor para você - diz, me provocando. – Por falar nisso, qual o horário de estar em casa hoje?
- Duas horas.
- Mas já é quase uma e meia da manhã! – Lúcia arregala os olhos. – Nós temos trinta minutos para fazer Bernardo se apaixonar.
- Sim, porque isso é totalmente possível.
- Oli, você precisa tomar uma providência, já faz meses que você está gostando dele, e ele também parece sentir algo por você.
- Você acha?
- Claro, sua idiota.
Eu respiro fundo e, impulsivamente, quando a música acaba, eu caminho até Bernardo, que acabara de ser deixado pela outra garota.
- Oi - digo, parando em sua frente.
- Oi, Oli - responde, com um sorriso no rosto. – Quer dançar?
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Acordei por volta das 17 horas e fiquei parada por algum tempo, apenas apreciando o silêncio e ainda vivendo o sonho que tivera há pouco. Naquela época, mamãe ainda estava aqui, Bernardo e eu éramos apenas colegas, e Gabriel era apenas uma pessoa que eu havia visto uma vez na vida, quando era criança. Seu nome não tinha significado algum para mim. Tão diferente de agora...
Quando desço as escadas, encontro os rapazes da banda na sala, conversando. Penso em desviar e ir para a cozinha, apenas para poder ficar sozinha, mas não estou com fome e Beto me chama para sentar com eles. Seria rude recusar.
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Depois que você chegou
RomanceApós o acidente que matou sua mãe, Olívia mudou. Antes, sua vida se resumia a festas e diversão, mas depois da trágica noite, ela passou a cuidar de seu pai, um policial, e de seu irmão, Pedro, de apenas três anos. Dessa forma, quando terminou o últ...