Capítulo vinte e três

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Apesar de minha insistência sobre ficar em casa e dormir, os garotos não me deixaram, porque a) de acordo com Beto, ninguém deve passar a noite do aniversário sozinho; b) Felipe disse que eu precisava me divertir um pouco e; c) Mateus acredita ser um "crime contra a vida" eu ter colocado esse vestido para ficar sozinha no meu quarto.

Por isso, eu estou dentro do meu carro, indo para o pub onde Gabriel está tocando essa noite, com três garotos que estão tentando disfarçar o quanto odeiam Bernardo. Eles foram legais sobre o assunto, me apoiando e me consolando, mas pelo olhar que Felipe e Beto trocaram, sei que não estavam nada contentes com o acontecido. E nem eu. Mas ao contrário do que se é esperado, eu não estou me desabando em lágrimas ou me afogando em raiva; eu estava, de fato, desapontada, mas não arrasada. Talvez estivesse até mesmo um pouco preocupada. Bernardo não costumava simplesmente desaparecer sem dar notícias e, por se tratar de meu aniversário, alguma coisa deveria estar errada.

- Eu quase consigo escutar a sua cabeça funcionando, Olívia – Mateus comenta. – Será que você pode parar com isso?

Eu sorrio, voltando à realidade.

- Alguém nesse carro precisa pensar.

Beto e Felipe exclamam algo como "Uh", e então caem na gargalhada com a cara de dor que Mateus faz.

- Vou te perdoar apenas porque você está sensacionalmente bonita essa noite – retruca, piscando de maneira sugestiva.

- Se o Gabriel escutar você falando isso, vai acabar acordando sem nariz amanhã – Beto diz, achando graça.

Eu sorrio também, percebendo então que eu estava há poucos minutos de ver Gabriel. Hoje, mais cedo, ele havia pedido para que eu o esperasse à noite, mas já que todos os meus planos foram por água abaixo, eu estava indo ao seu encontro.

- Não conte para ele, Oli – Mateus diz, fazendo biquinho. – Por favor.

- Isso depende. Você vai me dar um refrigerante quando chegarmos lá?

- Eu te dou dois refrigerantes, se é isso o que você quer – retruca rapidamente. – Dou tudo o que você pedir.

Os garotos começam a rir alto.

- Inacreditável.

- Inacreditável é essa sua beleza.

- Mateus, cale a boca! – eu exclamo, começando a rir.

- Só calo com um beijo – diz, inclinando-se em minha direção com os lábios franzidos.

Eu o empurro com uma mão e tento me manter concentrada na rua a minha frente. Ele ri, sentado no banco de trás, tendo sua cabeça entre os dois bancos da frente. Mateus se desvencilha de meu braço e me dá um beijo estalado na bochecha. Eu acabo rindo junto com ele.

Beto liga o rádio em uma estação aleatória, e rapidamente a melodia de "Counting Stars", de OneRepublic, nos envolve. Os garotos começam a cantar e, tão rapidamente como chegou, minha preocupação foi embora.

-||-

Quando entramos no pub, o cheiro de cigarro misturado ao álcool rapidamente me acerta. A iluminação é baixa, não há muito espaço para transitar e eu já estou com vontade de ir embora; até que a melodia do violão preenche meus ouvidos e meus olhos são arrastados para o palco, onde Gabriel está, aparentemente, terminando uma canção.

- Tem lugar lá – Felipe diz, apontando para uma mesa no canto.

Nós o seguimos, fazendo o possível para passar pelo meio do público, curiosamente preenchido principalmente por homens. Não me entenda mal; havia mulheres lá, mas por alguma razão, 90% delas estava junto do palco, não desgrudando seu olhar do cantor.

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora