Capítulo vinte e sete

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- Mateus, pelo amor de Deus, traga a sua bunda aqui para baixo - Felipe gritou, da sala, para Mateus, que ainda estava no andar de cima. - Nosso voo sai em uma hora! Estamos atrasados!

Enquanto isso, Beto (com a ajuda de Pedro) corre de um lado para o outro, fechando malas e terminando de arrumar as coisas. Porque ficamos até tarde conversando, e porque os garotos beberam demais, acabamos perdendo a hora e acordando mais tarde do que deveríamos.

- Onde eu coloco esses pauzinhos? - Pedro pergunta, batucando no sofá.

- São baquetas, não pauzinhos - Felipe diz, rindo. - Coloque-as naquela bolsa preta.

- Parecem pauzinhos de comida japonesa para gigantes - Pedro continua a dizer, como se não tivesse ouvido Felipe.

- Meninos, temos que sair de casa em cinco minutos! - eu digo, subindo as escadas correndo em direção ao meu quarto. Precisava buscar minha bolsa e a chave do carro.

- Estou pronto, estou pronto - Mateus diz, correndo para a sala e quase me derrubando quando passa por mim na escada. - Mas perdi uma cueca em algum lugar. Oli, se encontrar, me mande por Sedex, por favor.

- Vou jogar no lixo! - grito para que ele possa me escutar.

Quando volto, paro no topo da escada ao ver Gabriel entrando na sala. Eu não tinha o visto hoje ainda, já que ele não estava mais em casa na hora em que acordei. Meu coração imediatamente passa a bater mais forte e sinto meu rosto, para minha infelicidade, começar a corar ao lembrar da noite anterior. E ele nem mesmo havia olhado para mim ainda.

Fico parada onde estou enquanto o observo se despedir de seus amigos. Ele não iria conosco ao aeroporto, uma vez que Pedro queria muito ir e não haveria espaço suficiente no carro. Gabriel não se importou de deixar seu lugar para meu irmão, porque disse que de qualquer forma já tinha um "compromisso" - o que me deixou muito curiosa. Quero dizer, ele não tocaria no pub essa noite, então aonde iria?

- Vê se volta logo, cara - Beto diz, dando um último abraço em seu amigo.

Gabriel abre um sorriso triste.

- Voltarei quando puder.

- Vamos, Oli? - Felipe me chama. - Precisamos sair em um minuto.

E então os olhos de Gabriel pousam sobre mim. Antes que eu possa me preocupar com todas as sensações que estou tendo, Mateus revira os olhos, suspira, e começa a falar:

- Nem pense nisso, cara. Temos menos de um minuto.

- Cale a boca - Gabriel diz, dando um tapa no pescoço de seu amigo, sem tirar os olhos de mim. Em seguida, começa a correr em minha direção.

O que ele estava fazendo?

Tive pouco tempo para pensar, porque logo Gabriel já estava em minha frente, com as mãos em minha cintura, me guiando para trás, onde os garotos não pudessem nos ver do andar de baixo. Minhas costas pressionaram contra a parede gelada, e a próxima coisa que senti foi o corpo de Gabriel se juntando ao meu. Uma de suas mãos foi até minha nuca e imediatamente eu estava rendida - mesmo que quisesse, não conseguiria sair dali. Não havia nada no mundo que me fizesse querer parar o que estava acontecendo naquele instante, mesmo que eu não estivesse entendendo o motivo de tudo isso.

- Gabriel...? - eu nem mesmo consigo manter meus olhos abertos.

- Não diga nada - ele sussurra contra a minha boca.

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora