Epílogo

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Cinco anos depois


- Pedro, será que você pode largar esse celular e nos ajudar a procurar pelo Gabriel? - eu me dirijo a meu irmão, que agora, prestes a completar onze anos, não consegue ficar longe da internet.

- Está bem, Oli - responde, irritado, revirando os olhos.

Eu saio de perto dele para que não veja que estou reprimindo um sorriso. Estou prestes a ter um irmão pré-adolescente e não sei muito bem como lidar com isso. A única coisa que sei é que é muito engraçado ver Pedro, meu eterno bebê, tendo quase a mesma altura que eu, e adquirindo uma cor rosada em suas bochechas toda vez que Luana, sua melhor amiga, se aproxima ou o manda uma mensagem.

Talvez por isso ele não largue o celular.

- E aí, algum sinal dele? - Felipe pergunta a mim, preocupado.

Eu balanço a cabeça, negando.

Estávamos nos camarins de um dos maiores complexos de show da cidade, com um público de cerca de cinco mil pessoas do lado de fora, esperando pelos garotos subirem ao palco dentro uma hora e meia, e não havia sinal algum de Gabriel.

A banda havia começado a fazer sucesso há cerca de um ano, quando lançaram seu primeiro CD que, com muita divulgação e esforço por parte dos meninos, conseguiu atingir um número muito alto de vendas, sendo necessário fazer trinta novas tiragens para dar conta da demanda no Brasil.

Agora, aonde quer que vão, possuem fãs. No começo, achei um pouco estranho tanta atenção em cima dos meus amigos e, principalmente, de meu namorado - Gabriel fez com que eu descobrisse que sou uma pessoa ciumenta. No entanto, cheguei à conclusão de que o sucesso da banda era merecido e que a atenção e o carinho das fãs eram apenas consequência. Além disso, ele sempre se mostra respeitoso e nunca perde uma chance de dizer que seu coração pertence a mim.

Gabriel e eu estamos namorando, há cinco longos anos, viajando semanalmente, de Belo Horizonte para Florianópolis, ou o contrário. Não vou dizer que tem sido fácil tê-lo longe de mim por dias seguidos, porque amo tê-lo por perto, mas com todo o esforço que fez, e ainda faz para me ver, eu não tenho nada do que reclamar. Tenho certeza, a cada dia que passa, que somos certos um para o outro.

- Por que esse idiota não atende minhas ligações? - Beto, parecendo estar extremamente irritado, entra na pequena sala. - Eu falei que ele deveria estar aqui mais cedo.

- Ele disse aonde ia? - pergunto, achando a situação um tanto estranha. - Quero dizer, se ele tivesse algo importante para fazer, numa terça-feira, acho que ele teria nos avisado hoje mais cedo.

- Ele disse que ia... - começa a dizer, e então se interrompe. - Hoje é terça.

- Hoje é terça - Felipe diz, batendo a palma de sua mão contra a testa. - Eu esqueci completamente.

- Ele deve estar esperando - Beto diz, começando a procurar por algo dentro de sua bolsa.

- Esperando o quê? - eu pergunto, confusa.

Antes que eu tenha alguma resposta, a porta do camarim de abre e vejo os olhos de Mateus se arregalarem.

- Por que a Olívia ainda está aqui? - pergunta, indignado. - Hoje é terça! Aquilo não vai mais acontecer?

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora