Capítulo trinta e dois

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- Eu não consigo acreditar que Gabriel me traiu desse jeito – Mateus reclama, no telefone, quando conto a ele sobre o encontro da semana passada.

Uma vez que Felipe e Beto estão junto de Mateus, no outro lado da linha, com o viva voz ligado, consigo ouvi-los caindo na gargalhada.

Eu decidi não contar para ninguém sobre o encontro. Papai e Pedro sabem que saímos juntos, mas não dissemos nada a eles sobre o que aconteceu entre nós e sobre o que, para a minha felicidade, continua acontecendo. O motivo de não ter contado a ninguém, além dos meninos da banda, é que não quero causar falsas esperanças. Por mais que doa pensar nisso, Gabriel terá de voltar para Belo Horizonte em algum momento e eu sei que se papai souber o quanto Gabriel significa para mim, ele sofrerá junto comigo. Além disso, não quero ter que explicar para Pedro o porquê Gabriel está indo embora se nós somos namorados... Não que sejamos, de fato, namorados, porque não falamos sobre isso, mas essa é a visão que meu irmão teria do que está acontecendo entre nós dois agora.

Dessa forma, estamos sendo bastante discretos. Na medida do possível. Confesso que meu coração quase sai pela boca quando Gabriel inventa de me beijar no meio de qualquer cômodo da casa quando Pedro e papai estão em casa, como ontem, quando meu irmão se virou para pegar chocolate dentro do armário e ele simplesmente me roubou um beijo.

- Cara, que milagre! – Felipe continua a falar. – Estava começando a achar que esse dia nunca chegaria.

- Nós estamos muito felizes por vocês, Oli – Beto diz.

- Nem todos nós – Mateus resmunga.

Eu sorrio. Eu sentia tanta a falta desses três que chegava a ser difícil acreditar.

- E a banda, como está? – pergunto enquanto me aproximo da janela e me sento na velha poltrona para observar o céu. – Já estão super famosos?

- Estamos com bastante apresentações marcadas, mas sem ter o Gabriel na banda fica complicado. Na verdade, o número de pessoas nos shows tem diminuído bastante – Beto explica.

Eu fecho meus olhos, angustiada ao lembrar mais uma vez que o lugar de Gabriel não é aqui.

- Mas logo ele voltará e as coisas vão melhorar para vocês.

Para vocês, não para mim.

- Eu não sei... – Felipe comenta.

- Não sabe o quê? – pergunto. Mas há um longo período de silêncio na linha. – Meninos, o que é que vocês não estão me contando?

- Bem, não sei se as coisas vão melhorar – Beto diz, por fim. – Temos um pouco de medo do que possa acontecer com Gabriel quando ele voltar.

- O que você quer dizer?

- A polícia não conseguiu encontrar os outros traficantes envolvidos no sequestro até agora. Na semana passada até mesmo disseram que acham que os caras nem estão mais atuando na cidade.

- Não é bom que eles não estejam mais na cidade?

- Eu não sei... – ele respira fundo. – Oli, não conte ao Gabriel sobre isso, está bem? Mas há algumas semanas entraram na casa deles aqui na cidade, e levaram tudo o que conseguiram nos minutos em que levou para a empresa de segurança chegar. E além disso, o quarto de Gabriel estava completamente revirado, como se estivessem procurando por alguma coisa. A polícia acha que talvez estivessem procurando por alguma pista do paradeiro do Gabriel, e que agora eles já sabem que ele não está mais morando ali.

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