Capítulo vinte e um

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Entro no banheiro antes mesmo de Gabriel retornar. Tiro minhas roupas e vou para debaixo do chuveiro, esperando que a água possa clarear um pouco minha mente bagunçada. Eu estava, realmente, muito confusa. Não conseguia entender porque estava tão atraída por Gabriel, ou porque tudo parece ter mudado para melhor desde o dia em que ele chegou.

Quando lembro da nossa proximidade, há poucos minutos, sinto meu rosto ficar quente. Eu não deveria... Mas quero muito sentir o que senti novamente. Fecho os olhos com toda a força que tenho e tento afastar os pensamentos que me incomodam e só saio do transe quando escuto meu celular vibrar. Enrolo a toalha envolta de meu corpo, e suspiro quando vejo que é Bernardo.

Quando eu saí de sua casa, nós não estávamos em uma situação boa. Eu sei que o fato de não ter me contato sobre Pedro no instante em que soube da notícia foi idiota, mas ele não fez isso por maldade. E, além disso, todos nós erramos.

- Oi – digo ao atender.

- Amor – ele fala. Sua voz tem um tom preocupado. – Me perdoa. Você sabe que se eu soubesse que a vida de Pedro estava em perigo, eu teria contado a você imediatamente.

Respiro fundo. Eu sei que ele teria. Na hora em que saí do apartamento, eu estava apenas nervosa.

- Eu sei.

- Então você não está furiosa comigo?

- Não mais.

- Eu ainda vou poder te levar para jantar no seu aniversário, Domingo à noite?

Eu abro um sorriso.

- Sim.

Escuto-o expirar o ar, aliviado.

- Eu te amo, Olívia. Você sabe o quanto é importante para mim, não sabe?

- Sei – respondo, e não estou mentindo. No entanto, quando digo a próximo frase, sinto algo estranho. – Eu também te amo.

- Ah, amor, queria estar aí com você agora – diz. – Como está Pedro?

- Ele está bem. Vai ficar em observação até de manhã.

- Você vai passar a noite aí? – pergunta. – Eu posso ir até o hospital para te fazer companhia. Não quero que fique sozinha.

Ótimo! Gabriel, Bernardo e eu cochilando no mesmo cômodo.

- Hum, na verdade, Gabriel está aqui – respondo.

Bernardo fica em silêncio por um momento.

- Gabriel, é? Por que ele não vai embora?

- Porque ele está preocupado com Pedro e quer ficar por perto.

- Por perto do Pedro ou de você?

- Bernardo, não seja ridículo - falo, irritada com sua ceninha de ciúmes. – Eu vou desligar, está bem?

- Perdão, amor, por todas as besteiras que eu disse hoje.

- Boa noite, Bernardo - digo, desligando.

- Espere – ele chama. – Vou passar na sua casa às sete da noite, no Domingo.

- Vou te esperar.

E então desligo.

-||-

No quarto, encontro Gabriel adormecido na poltrona ao lado da cama de Pedro. Sua cabeça está levemente inclinada para trás, seus lábios um pouco entreabertos e há uma pequena mecha de cabelo caída sobre seu olho. Fico parada, observando-o, até que não consigo mais repreender a vontade de me aproximar.

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora