Capítulo dezenove

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Respire fundo, Olívia. Respire fundo.

Se Gabriel gosta de mim ou não, isso não importa. Com certeza, muitas vezes já aconteceu de um garoto gostar de mim e o sentimento não ser mútuo. Não há nada de diferente dessa vez. Infelizmente (para Gabriel, não para mim) eu tenho um ótimo namorado, que me deu apoio e amor nos últimos dois anos e meio; que esteve comigo nos momentos mais difíceis de minha vida e que não me abandonou.

O amor de Bernardo é certo para mim. Sei que me ama, e sei que o amo. Nosso amor é seguro... Por que estou pensando sobre isso? Eu já sei de todas essas coisas. Sinto como se precisasse repeti-las para mim mesma apenas como confirmação.

Depois de estar há quase meia hora dirigindo, percebo que estou indo em direção à cidade vizinha, onde Bernardo mora. Eu havia dito a Pedro que voltaria em breve. Não planejava visitar meu namorado, mas, já que estou aqui, acredito que me fará bem. Além disso, preciso consertar as coisas entre nós dois... Ou talvez eu só precise vê-lo para tirar toda essa sensação estranha que tenho em meu peito. Talvez eu só queira vê-lo para provar para mim mesma que eu sou feliz ao seu lado, que eu preciso dele.

Paro o carro no acostamento e mando uma mensagem para meu pai:

Eu: Papai, estou indo na casa de Bernardo. Pode pedir ao Gabriel que prepare o almoço para Pedro?

Alguns minutos depois, recebo a resposta:

Papai: Ele já fez.

Sorrio, grata.

Agora, sem me sentir tão culpada por deixar meu irmão sozinho, ligo o rádio e deixo a música alta me impedir de escutar meus próprios pensamentos.

Quando chego ao apartamento onde Bernardo mora, tenho a sorte de encontra-lo em casa. Ele está visivelmente surpreso, mas se aproxima e me dá um abraço apertado.

- Desculpe por antes – digo, sincera.

Ele não responde, e ficamos ali, abraçados, por algum tempo.

- Desculpe também – fala, expirando o ar lentamente e se afastando para me olhar. – Eu acho que exagerei um pouco. Sei que vocês são amigos, e ele mora na sua casa e tudo o mais, então...

Eu balanço a cabeça, concordando. Ele abre um sorriso tímido em seu rosto.

- Estou feliz de vê-la – diz, inclinando-se para me beijar. – Mas por que está aqui?

Ah, por nada, é só que eu acho que Gabriel pode ter sentimentos por mim e eu me senti incrivelmente feliz quando me dei conta disso, por isso achei que poderia ser uma boa ideia vir aqui e lembrar a mim mesma o quanto te amo e o quanto somos bons um para o outro.

- Não queria deixar as coisas daquele jeito entre nós – digo, me referindo ao que acontecera na última vez que nos falamos por telefone.

- Sinto muito por aquilo, eu deveria ter sido um pouco mais compreensivo.

- Não tem problema – respondo, sorrindo.

Bernardo sorri também.

- Quer entrar?

- Claro.

-||-

Passamos o resto da tarde deitados no sofá assistindo a vários filmes antigos. De vez em quando, Bernardo me abraçava, puxando-me para mais perto de si. Ao invés de me sentir amada e feliz, como costumava até pouco tempo atrás, eu me senti presa, sufocada. Não parecia certo. E isso apenas me deixava ainda mais confusa e preocupada.

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