Capítulo onze

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(In)Felizmente, Lúcia aceitou meu convite. Na verdade, ela ficou animada demais, na minha opinião. Preciso admitir, no entanto, que se eu fosse solteira também estaria animada para assistir o cara mais bonito que eu já vi cantar e tocar violão em um bar... Eu acabei de dizer que Gabriel é o cara mais bonito que já vi? Céus, eu realmente preciso parar de pensar sobre ele.

Pela primeira vez na minha vida inteira, tenho dificuldade na hora de escolher uma roupa para sair. Quão ridículo é isso? Provo literalmente tudo o que tenho em meu armário antes de optar por um vestido preto, básico. Tento prender meus cabelos castanhos, mas o comprimento, que vai até um pouco abaixo de meus ombros, não colabora para fazer qualquer coisa mais elaborada. Deixo-o solto.

Quando me olho no espelho, seguro a respiração por alguns segundos. A imagem refletida se parece muito com a garota que eu costumava ser; sempre pronta para sair e curtir a noite em festas. Percebo, então, que a última vez em que usei um vestido fora na noite do acidente. Depois daquela festa, eu não tive qualquer outro motivo para vestir um.

Sou puxada para fora de meus pensamentos quando alguém bate na porta de meu quarto.

- Pode entrar – eu digo.

Pedro entra em silêncio, e vejo uma expressão de surpresa em seu pequeno rosto quando me vê.

- Nossa! Você está muito chique!

Eu rio e dou uma voltinha para que ele possa me ver melhor.

- Gostou do vestido?

- Eu sou um menino. Não gosto de vestidos – ele diz, sentando-se na minha cama.

- Mas você me achou bonita com ele?

- Sim, e aposto que Gabriel também vai achar.

Eu balanço minha cabeça. Ele é inacreditável.

- Papai me disse que vocês dois vão sair juntos hoje à noite.

Eu suspiro.

- Não vamos sair, meu amor. Eu apenas vou vê-lo no seu trabalho novo.

- Eu posso ir também?

Sento-me ao seu lado.

- Não, desculpe. Crianças não podem entrar naquele lugar.

Ele franze o cenho.

- Ser criança é muito chato – reclama. – Não posso sentar no banco da frente do carro e nem mesmo sair com você.

- Nós podemos sair para tomar um sorvete amanhã, se você quiser.

De repente, a carranca em seu rosto dá lugar a um lindo sorriso, faltando um dos dentes da frente.

- O Gabriel pode ir com a gente?

- Eu estou começando a ficar com ciúmes do Gabriel. Você só fala dele – digo, cruzando os meus braços sobre o peito e fingindo estar irritada.

Pedro encosta sua cabeça em meu braço.

- Não fique com ciúmes, Oli, eu te amo muito, mas é que o Gabriel é homem, assim como eu, e eu preciso ter amigos homens também.

Eu seguro a risada.

- Como é que não vou ficar com ciúmes se você quer ficar perto dele o tempo inteiro?

Pedro revira os olhos.

- Tudo bem, amanhã vou levar você para tomar sorvete e o Gabriel vai ficar em casa.

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora