Capítulo vinte e seis

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Cerca de duas horas mais tarde, as panquecas estão finalmente prontas. Felipe foi muito prestativo, me ajudando com tudo. Mateus e Beto, por sua vez, ficaram contando piadas, rindo alto e bebendo muito, e Gabriel voltou à cozinha apenas quando já estava tudo pronto. Pelo cheiro gostoso de sabonete e por seu cabelo molhado, ele também havia ido tomar um banho.

Preciso me lembrar de que estou o encarando e desviar meu olhar, mas ele parece tão bonito com a camiseta preta, jeans claros e descalço, que eu não obtenho sucesso. Ele estava fazendo isso de propósito, tenho certeza. Não é pos sível que todo aquele negócio de colocar sua boca sobre minha orelha para falar e agora aparecer aqui desse jeito, fosse coincidência. Ele estava começando a jogar sujo.

Gabriel percebeu que eu o estava olhando por mais tempo do que deveria, porque ele baixou a cabeça e escondeu um pequeno sorriso que se formava no canto de seus lábios.

- Ei, cara, que bom que você chegou – Beto diz para Gabriel quando ambos sentam-se à mesa – Eu ia contar agora para vocês que O DONO DA FREEDOM LIGOU E ELE QUER QUE A GENTE TOQUE LÁ EM JULHO!

Os outros três garotos arregalam os olhos e soltam um "urro" de felicidade meio assustador. Eu não consigo segurar a risada quando Mateus, já um pouco alegre por conta das cervejas que bebeu, começa a dançar de tanta alegria. Aparentemente, Freedom era uma importante casa de shows na cidade deles e isso era um grande passo para a banda, já que iriam tocar na mesma noite que outros grupos, que já são mais antigos e mais famosos, também.

Os quatro pegam mais algumas das garrafas na geladeira e fazem um brinde. Durante o resto do jantar, eles discutiram sobre o repertório que tocariam no show, se deveriam incluir alguma música nova ou não, e que eu precisava ir assisti-los. A conversa acabou sendo engraçada, porque Mateus e Beto já estavam bastante bêbados e, por consequência, falando mais besteiras que o normal.

Em certo ponto da noite, não sei como, o assunto se voltou para mim e os dias que eu havia passado fora, com Bernardo. Para ser sincera, eu não queria falar sobre isso; ainda não havia me acostumado com a ideia de que agora era solteira e que Bernardo não seria mais uma presença constante em minha vida. Sei que agora percebo que não estou apaixonada por ele, mas sempre vou sentir um enorme carinho pela pessoa que ele representou para mim.

Não deixei de notar que Gabriel, ao perceber o novo assunto da conversa, se levantou e pegou outras duas garrafas; dessa vez, as duas eram para ele. Também não pude não perceber a maneira como ele parecia não conseguir desviar seus olhos de mim. Comecei a ficar constrangida depois de algum tempo, mas ele não se importou, porque mesmo enquanto bebia suas cervejas, seus olhos estavam sobre os meus, como se não houvesse nada mais em volta para prestar atenção.

Por volta das quatro da manhã, eu decido que estou cansada demais para continuar ali, portanto me despeço dos garotos com um aceno e começo a subir as escadas.

- Eu vou dormir também – escuto Gabriel dizer, levantando-se. – Até amanhã.

Logo em seguida, ele está subindo as escadas atrás de mim.

- Oli – ele me chama.

Eu viro rapidamente em sua direção e pouso meu dedo sobre os seus lábios, mandando-o fazer silêncio, porque papai e Pedro estavam dormindo. No entanto, o que aconteceu foi que ficamos frente a frente, com nossos rostos no mesmo nível, já que ele estava um degrau abaixo. Reviro os olhos quando vejo um sorriso começar a brotar em seu rosto.

- Nós precisamos conversar – Gabriel diz, baixinho, e dá um beijo no meu dedo.

Certo, isso foi bastante idiota, e me envergonho de dizer que sinto um arrepio percorrer meu corpo. De repente, eu queria que ele beijasse de novo.

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora