Capítulo vinte e nove

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Na segunda-feira de manhã eu acordei mais cedo, me sentindo como um grande pedaço de lixo. Eu estava com dores pelo corpo, minha cabeça doía, meu nariz não parava de fungar, e estava sentindo um pouco de frio. Relutante e com a certeza de que não conseguiria voltar a dormir, eu me arrastei até o banheiro e me enfiei embaixo da ducha quente, na esperança de que aquilo me ajudaria a sentir melhor e eu não sofresse a manhã inteira na aula.

No entanto, nem mesmo todo o vapor e a água quente relaxante me ajudaram. Ao invés de vestir as roupas que eu havia escolhido para encarar mais um dia de curso pré-vestibular, eu coloquei meu pijama de volta e saí de meu quarto enquanto secava meus cabelos com uma toalha.

Fui até o quarto de papai para pedir que levasse Pedro à escola, mas ele não estava lá. Só então me lembrei de que ele havia trocado de horário naquela semana, e trabalharia apenas durante o dia, começando mais cedo que o normal. Droga. Mais uma vez considerei vestir roupas apropriadas e leva-lo eu mesma, mas uma crise de tosse fez com que eu mudasse de ideia. Porcaria de gripe.

Ao invés de voltar para meu quarto, parei na frente da porta de Gabriel e bati, esperando inutilmente por uma resposta. Decidi entrar de qualquer forma. Seu quarto cheirava como ele; um cheiro suave, gostoso. Já havia começado a amanhecer, e por isso a fraca iluminação vinda da rua tornou possível vê-lo deitado na cama, sem camisa, com as costas contra o colchão e um braço dobrado sobre sua testa. Eu sorri com a visão e precisei apertar os punhos quando senti vontade de passar meus dedos em seu peito. Aproximei-me devagar, esperando que ele não se assustasse.

- Gabriel – eu o chamei, baixinho.

Ao invés de abrir os olhos, como eu imaginei que faria, ele apenas se revirou na cama, mudando de posição. Sentei ao seu lado, pousando minha mão com cuidado sobre a sua. No mesmo instante ele acordou e levou um susto.

- Olívia, meu Deus, você está tentando me matar? – perguntou, um pouco confuso. Sua voz rouca e baixa me causou uma sensação engraçada no estômago.

Eu comecei a rir de sua reação e então rapidamente minha risada se tornou uma crise infinita de tosse. Ele franziu o cenho e se sentou, pousando as costas de sua mão sobre minha testa.

- Minha nossa, você está queimando – comentou, preocupado. – Já mediu sua temperatura?

Eu fiz que não com a cabeça e descaradamente me inclinei em sua direção, apoiando-me em seu ombro. Ele passou seus braços ao meu redor, me segurou por algum tempo contra seu peito e ficamos ali, sentados em sua cama quentinha. O calor de seu corpo contra o meu também foi agradável, eu confesso.

- Vai me dizer o que veio fazer aqui ou eu devo apenas ficar em silêncio? – pergunta. Consigo perceber pelo tom de sua voz que está sorrindo.

- Você pode levar Pedro para a escola?

- Claro – responde, dando um beijo em minha testa. – Vou aproveitar e passar na farmácia para comprar alguma coisa para essa febre.

- Obrigada.

Com um último abraço, dessa vez um pouco mais apertado, ele me solta para se levantar. Vê-lo daquela forma, sem camisa, tão confortável em seu quarto, me fez esquecer de meu mal estar por alguns momentos. Observei-o enquanto mexia em seu armário em busca de uma camiseta e jeans... Os músculos de suas costas se contraindo conforme levantava os braços ou se inclinava para a frente.

Nossa, Olívia, pare com isso.

Quando encontrou, foi até o banheiro e se vestiu, ficando pronto cinco minutos depois, sem nem parecer que havia acabado de sair da cama.

Depois que você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora