Na segunda-feira Bernardo retorna à faculdade, mas promete voltar para a cidade em duas semanas, no meu aniversário. Eu não tenho mais o costume de comemorar, mas já que ele insiste que façamos algo especial, acredito que não fará mal algum. Para ser honesta, eu estou até mesmo animada e espero poder incluir papai, Pedro e Gabriel na comemoração.
E, por falar em Pedro, ele não parou de falar nem sequer um segundo, no caminho da escola para casa, sobre como ele quer ter uma banda quando crescer. Aparentemente, além de já considerar Gabriel seu maior ídolo, ele agora também ama os outros caras da banda, que foram jogar futebol com ele no domingo.
Meu irmão decidiu, então, que quer aprender a tocar guitarra e a cantar, como Gabriel faz.
- Por que não aprende a tocar bateria, ao invés de Guitarra? – pergunto.
Posso ver sua expressão de horror pelo retrovisor.
- Claro que não! – ele diz, indignado. – O Beto me disse que o baterista nunca pega ninguém. Por isso que o Mateus é solteiro.
Eu arregalo os olhos e praticamente me engasgo com o chiclete que estou mascando. Preciso me lembrar de que estou no trânsito e por isso não posso ter um ataque histérico nesse momento.
- Eu não acredito que ele te falou isso!
Ele balança a cabeça, afirmando.
- Por isso que eu quero cantar e tocar guitarra – explica. – O Felipe falou que as meninas sempre preferem o vocalista.
- Pedro! – eu o repreendo. – Esse assunto está encerrado, entendeu? Não quero mais você falando sobre "pegar" alguém. Você nem mesmo sabe o que é isso!
- Sei, sim – fala, revirando os olhos. – Eu já peguei uma menina.
Para mim já chega. Eu vou ter uma conversa séria com os rapazes. O que eles pensam que estão fazendo com meu irmãozinho?
- Não pegou, não.
- Peguei, sim – afirma. – Gabriel me disse o que fazer.
Eu estou indignada. Que absurdo!
- Você está maluco, Pedro? Como é que você pegou uma menina?
- O nome dela é Luana – ele sorri. – Eu peguei a mão dela e disse que ela era muito bonita.
Eu preciso segurar uma risada.
- E então o que você fez?
- Eu saí correndo. Fiquei com muita vergonha.
Dessa vez, começo a rir. Pedro envergonhado? Isso não existe!
- E o que Luana disse?
- Ela não disse nada. Mas o Gabriel me disse que as mulheres são assim, mesmo.
- Assim como?
Ele respira fundo e coça a cabeça, preocupado.
- Complicadas.
-||-
Por sorte, Beto está jogando videogame na sala quando chegamos em casa. Não há nenhum sinal dos outros. Uma vez que Pedro começa a subir as escadas, eu vou na direção de Beto e aperto sua orelha, com força.
- Ai ai ai ai ai – reclama, sua voz afinando.
- Por que é que você estava falando sobre mulheres com o meu irmão?
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Depois que você chegou
RomanceApós o acidente que matou sua mãe, Olívia mudou. Antes, sua vida se resumia a festas e diversão, mas depois da trágica noite, ela passou a cuidar de seu pai, um policial, e de seu irmão, Pedro, de apenas três anos. Dessa forma, quando terminou o últ...