Capítulo treze

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- Você precisa me falar – Gabriel fala, entusiasmado, cobrindo a boca com as mãos. Ele quase não consegue segurar o riso.

- Eu não vou te dizer nada.

- Ah, Oli... – ele diz, casualmente colocando sua mão sobre a minha na mesa. – Por favor.

- Não adianta pedir por favor – digo, começando a rir, porque ele tem uma expressão engraçada em seu rosto e também porque estou me sentindo um tanto nervosa com nossas mãos praticamente entrelaçadas.

- O que eu devo fazer para você me contar?

- Gabriel, pare de me incomodar.

- Só estou tentando te conhecer melhor – fala, fazendo um biquinho ridículo.

- Não, você está apenas tentando me deixar com vergonha.

Sua expressão fica extremamente séria.

- Não há motivo algum para ter vergonha – diz, e então explode em uma gargalhada quando olha mais uma vez para a foto minha que tem em suas mãos.

Sua risada é tão contagiante que, mesmo que ele esteja rindo de mim, eu começo a rir também.

- Olha... só... a sua... cara – ele metade fala, metade ri.

Para a minha tristeza, Gabriel encontrou uma foto minha vestida de Smurf e, bem, além da fantasia ridícula e da tinta azul em meu rosto, eu estou com um sorriso torto e um de meus olhos está fechado, o que resulta em uma careta muito engraçada (em minha defesa, eu tinha apenas doze anos quando a foto foi tirada).

Para piorar, embora eu esteja realmente feia vestida daquele jeito, eu estou de mãos dadas com Lucas, um menino que é pelo menos dez centímetros mais baixo que eu, que está fantasiado de Fred Flintstone e me olha como se eu fosse o amor de sua vida. E é disso que Gabriel está rindo; ele acha que dei meu primeiro beijo com Lucas, o Flintstone baixinho, e está me pressionando há pelo menos cinco minutos para que eu dê detalhes sobre o assunto.

- Cale a boca – sussurro. – As pessoas estão começando a olhar.

E elas estão mesmo. A pizzaria é grande e há um intenso movimento nessa noite, o que me faz ficar ainda mais envergonhada. Gabriel parece um louco.

- Oli... – ele diz, respirando fundo para conseguir parar de rir. Seu rosto está ligeiramente rosado e o cabelo está mais bagunçado que o normal. – Pegue essa foto. Eu acho que sou capaz de ter um ataque do coração se olhar para ela mais uma vez.

Eu arranco a foto da mão dele e guardo dentro de minha bolsa.

- E então, vai me contar como você conseguiu isso? – pergunto. – Eu nem mesmo lembrava que existia.

- Isso depende. Você vai me contar os detalhes de seu romance com o Fred Flintstone?

Eu rio e balanço a cabeça, inconformada.

- Você é ridículo.

Ele cruza os braços sobre o peito.

- Pelo menos eu nunca beijei uma pessoa vestida de Fred Flintstone.

Eu bufo, mas acabo rindo.

- Tudo bem – digo. – Era uma festa de aniversário, no final da sexta série. Eu gostava muito dele, mas ele não parecia gostar de mim. E então quando eu tive a chance, eu o beijei. Ele ficou assustado e eu saí correndo, porque fiquei com vergonha. Depois, ele me encontrou sentada no chão do banheiro, arrasada, e disse que gostava de mim desde a quinta série. Depois disso nós passamos o resto da festa de mãos dadas. Minha mãe tirou a foto quando foi me buscar.

Mais uma vez, Gabriel começa a rir. Ele coloca um braço sobre seus olhos e baixa sua cabeça contra a mesa. As pessoas em volta nos olham, assustados, e eu me afundo no banco em que estamos sentados e me escondo atrás dele, encostando minha cabeça em seu ombro. Isso não poderia ficar mais vergonhoso.

- Desculpe, eu sei que sou idiota – ele diz quando finalmente para de rir.

- Extremamente idiota – eu comento. – Muito mais idiota do que eu achava possível um ser humano ser.

- Mas você precisa admitir que isso foi engraçado.

Eu o olho com minha melhor expressão de "você só pode estar de brincadeira com a minha cara".

- Vai me dizer como conseguiu essa foto ou não? – questiono.

- Pedro.

- Sabia! – eu exclamo. – Eu vou dar uma boa lição nele...

- Não foi culpa dele, Oli – Gabriel me interrompe, sorrindo. – Nós dois estávamos conversando essa manhã, e ele comentou sobre uma certa foto e então eu pedi para vê-la.

Eu balanço a cabeça.

- Por que é que ele iria mencionar essa foto?

- Porque talvez eu tenha dito a ele que hoje à noite eu iria sair com uma garota muito bonita... – ele começa, analisando atentamente meu rosto. - Quando me perguntou se essa garota era você, eu disse que sim. E então ele me contou que você nem sempre foi tão bonita como é hoje, e eu disse que duvidava. Pedro falou que tinha uma foto para provar e perguntou se eu queria vê-la, e eu disse "claro que sim". Fim da história.

Eu sei, eu provavelmente deveria estar preocupada em dar um mega sermão no meu irmãozinho, mas tudo o que eu consigo pensar é que Gabriel acabou de dizer que eu sou bonita. Sinto-me como se tivesse doze anos novamente.

- Vocês dois vão me deixar louca – eu digo, por fim, rindo. Decido que precisamos mudar de assunto. Rápido. – Agora é sua vez.

- Minha vez o quê?

- De me contar sobre seu primeiro beijo.

Ele ri.

- Sem chance.

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