Capítulo 50

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Estava agoniada, já havia amanhecido, e nada do Leonardo, desde ontem no final da tarde ele havia sumido.
— Preocupada? — Pela voz de vadia no cio, era Catarina.
— Acho que não te interessa. — Respondi friamente, na realidade eu não sei porquê.
— Está com raiva de mim? — Ela botou a mão no peito fazendo aquela cara de inocente, que me irritou.
— Não tenho motivos. — Respondi sem tirar os olhos do meu livro.
— Entendi, — Senti que ela continuava me olhando. — cadê seu protetor?
— Não sei do que você está falando.
— Você de sonsa só tem a cara. — Ergui meu rosto e encarei-a, ela mantinha uma sorriso de deboche no rosto.
— Garota, você não tem mais o que fazer não? Então procura. — Levantei irritada, antes de eu sair do quarto ela me impediu.
— Não tira marra comigo mão, que eu destruo seu castelinho de areia em um estalar de dedos.
— Catarina, como você mesmo disse de sonsa só tenho a cara, — Fiquei um pouco nas pontas dos pés para encara-la mais de perto. — Arthur e Rodríguez estão comendo na minha mão, é a mim que eles escolhem sempre, e é a mim que eles desejam, eu acho que você deveria tomar muito cuidado para seu castelinho de areia não desmoronar. — Terminei minha ameaça, saí do quarto rebolando.
Eu não sei quando eu comecei a me tornar uma pessoa vingativa. Mas eu não ia deixar ela sair por cima, não mesmo. Agora eu tinha que deixar meu orgulho de lado e achar o Leonardo. Procurei por cada canto da casa, o carro dele estava ali, então ele deveria estar em algum lugar dessa casa, dessa fazenda. Procurei na área dos animais, onde o Fred ficava. Lógico, por quê não pensei nisso antes? A casa que ele me levou, ele só poderia estar lá. Eu não lembrava muito bem o caminho, mas eu iria tentar achar. Entrei pelo caminho que fizemos aquela fez, continuei andando, pulei pela cerca, até agora estava indo tudo bem. Pelo menos até a cachoeira eu consegui chegar, andei mais um pouco, e logo avistei a casa. Sou muito esperta, a porta estava entreaberta, encostei nela e entrei.

Estava tudo como deixamos da outra vez, Leonardo estava encostado na porta sério, ele olhava para um ponto fixo, acabei fechando a porta com um pouco de força, mas mesmo assim ele continuou no seu transe.
— Leonardo, desculpa ter vindo aqui, só queria saber se você estava bem. — Ele não mexeu um dedo. Ele estava estranho. Abaixei em sua frente e procurei seu olhar, mas ele estava evitando olhar para mim. — Você quer conversar? — Seus olhos estavam brilhando demais, parecia que ele queria até chorar. Mas ele não me parecia ser desse tipo. — Eu estou preocupada.
— Me deixa sozinho. — Finalmente ele falou, sua voz quase não saiu.
— Não quero te deixar sozinho. Desabafa, pode melhorar.
— Eu não sei fazer isso.
— Só tem eu e você aqui, ninguém nunca vai saber dessa conversa.
Ele finalmente me encarou. E como sempre quando nossos olhos se encontravam eles pareciam presos, eu não conseguia desviar e eu sei que ele também não, levei uma de minhas mãos no seu rosto, e acariciei o mesmo.
— Confia em mim. — Quebrei o silêncio.
— Não é confiança eu só não consigo.
— É fácil, só botar para fora o que está te incomodando.
Ele desviou o olhar do meu, respirou fundo, começou a estalar seus dedos, acho que para ele era muito difícil deixar aquele orgulho todo de lado.
— Arthur sempre foi o orgulho dele, meu pai sempre disse que ele era o melhor, — Ele forçou um sorriso e eu continuei a encara-lo. — eu cresci querendo provar para meu pai que eu poderia ser muito melhor que o Arthur, acho que isso que me cegou. Quando tínhamos 16 eu e ele 20, eu conheci uma garota, ela era linda, — Ele deu um sorriso, só que dessa vez era sincero. — eu me apaixonei, talvez tenha sido paixão de adolescente, mas era importante. Um dia ela faltou a aula e fiquei preocupado, fui na casa dela e ele estava lá com ela, na cama. Ele sempre quer tirar tudo de mim. — Ele respirou fundo. — Então eu perdi minha mãe, ela era única que me amava, que cuidava de mim, que se importava comigo. — As lágrimas já desciam dos seus olhos uma atrás da outra. — Eu sinto falta dela, talvez se ela estivesse aqui, eu fosse uma pessoa boa.
Ele parou de falar e ficou encarando seus dedos, eu queria abraça-lo, mas eu estava com medo dele recusar, e eu ia ficar chateada. Mas quando fui me ver, eu já havia puxado ele para uma abraço, Leonardo estava chorando igual criança. Era difícil de se acreditar que aquele cara marrento, aquele mesmo que me disse que não tinha coração estava no meu colo chorando, minhas mãos acariciava seus fios de cabelo.

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