Acordei de manhã com a cara colada á papelada, estava toda torta e de certeza com olheiras, tinha adormecido no sótão, levantei-me e desci as escadas até á cozinha para tomar o pequeno almoço e o meu tio olhou para mim pasmado.
-Sabes que são 6:30 da manhã não sabes rapariga?
Olhei o relógio com os dois gatinhos a brincar com um novelo de lã, nunca gostei muito daquele relógio, não sei porquê. Realmente eram apenas seis da manhã mas eu não conseguia dormir, fui tomar um banho longo e fiquei na cama a ler com a pouca luz que tinha vinda da janela, rapidamente fartei-me e sai de casa.
As ruas estavam quase desertas, o meu tio já tinha aberto o café mas ainda ninguém estava na praia a não ser um surfista.
Sentei-me na areia a olhar o horizonte e passado pouco tempo o rapaz saiu da água e não pude acreditar que era o meu querido novo vizinho, parecia uma estátua de prata, com o cabelo escuro para o lado e os olhos quase negros. O que mais me surpreendeu é que ele sorria, estranho como isso é uma surpresa.
Ele olhou para mim e pareceu surpreendido, lá estava eu a encarar, deitei-me rapidamente na areia branca com a toalha por cima e desejei que ele simplesmente não me reconhece-se.
- Estás a seguir-me?
Espreitei por baixo da tolha, já não havia sorriso ou qualquer sinal de vida naqueles olhos negros, que me fitavam.
- Não, foi uma coincidência, não sabia que surfavas, pensei que...
Ele sorriu, aquele sorriso falso e começou a andar antes de me deixar acabar por isso levantei-me e segui-o meio que irritada.
- Porque tu e a tua mãe se mudaram para cá, para aquela casa?
- O quê?
Ele parecia muito calmo, resolvi mudar isso.
- Não me ouviste?
- Tu não tens nada a ver com isso...mas de qualquer forma a Constança já te respondeu a isso.
- Ela não me disse porque escolheram aquela casa.... Espera, Constança? tratas a tua mãe pelo nome?
- Ela não é minha mãe, ela não me é nada.
- Então...?
- Deixa-me em paz, que parte de não te metas na minha vida não entendes-te?
- Porque és assim tão estúpido? Não sei porque tento falar contigo!
Ele suspirou e quando dei por mim ele estava a cinco centímetros da minha cara, os olhos dele parecia que neutralizavam os meus, agarro-me o braço.
- Ouve eu não quero problemas, não te pedi que falasses comigo, só quero que me deixes em paz.
Eu estava com raiva, mas não conseguia deixar de me perder na voz que embora irritada era grave e suave e naquele olhar que estava demasiado perto, intuitivamente aproximei-me um pouquinho mais, consegui sentir a respiração dele na minha face, eu não sabia o que fazia, parecia que nos íamos beijar até alguém interromper e ele me largar o braço.
- Eve! está tudo bem?
Ainda estava a olhar para Dilan, não sei o que ele tinha que me atraia tanto, virei a cara para observar outra de espanto ou preocupação, o Mat.
- ah...está tudo bem.
Fiquei um pouco atrapalhada, mas porquê? Estávamos só a conversar e só nos exaltamos, certo? Mais nada. O Mat aproximou-se e falou-me que a Lu estava á minha espera no café, enquanto isso o Dilan desapareceu sem se despedir, que segredos será que ele esconde, aquela casa...tenho muitas perguntas e quero saber mais, vou descobrir.
...
- O que se passa com vocês? Entram na casa das pessoas e começam assim a fazer perguntas.
- Estávamos a ser boas vizinhas!
O Mat parecia chateado depois de lhe contarmos a ida á casa dos novos vizinhos, mas tenho uma suspeita que era mais por não ter ido connosco, estávamos sentados no café, enquanto eles argumentavam um com o outro eu observava a praia até começarem a surgir imagens daquele rapaz tão próximo de mim, os lábios a centímetros dos meus, no meu inconsciente comecei a odiar o Mat por nos ter interrompido e senti-me mal por isso.
- Eve, e aquele rapaz que estava colado a ti era o filho da nova vizinha certo?
- ah...não estava colado a mim.
Tinha a certeza que tinha corado, os olhos da Lu brilharam a começou logo a fazer-me um monte de perguntas, ok eu ia definitivamente mata-lo.
- O Dilan? Ele é bué giro parece aqueles vampiros dos filmes...mas o que aconteceu? Vocês pegaram-se? Eu sempre perco estas coisas.
- Não nos pegamos nada....eu tenho de ir.
- Não te esqueças que estamos convidadas a ir lá almoçar.
Já me tinha esquecido, não me estava a apetecer por causa do que não aconteceu...ou quase aconteceu, mas assim eu poderia descobrir mais sobre a casa e sobre aquela família.
-Sim, eu sei, encontramo-nos lá.
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Despertar
RomanceCorro e corro o mais que posso mas não alcanço a saída, ele está tão longe mas tão perto... -Corre o mais rápido que conseguires - ouço me gritar "Este é o fim..." penso, mas como sempre ela apareceu e mostrou-me o caminho. ... Esta história é apen...