Parece-me o .Fim.

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A lua estava alta no céu, eu encontrava-me sentada no borda da cama a observar tudo lá fora. 

- Fui ao hospital e nada, ela continua na mesma. Andei pelos corredores escuros em busca de algo e ... nada.

- Que procuras Eve?

 - Talvez eu mesma... Memórias da casa, da minha prima, lembranças pequenas mas significativas... A cura para o meu medo, para o sono profundo e para todas as mentiras.

Ele aproximou-se e abraçou-me, um abraço melhora a tua dor no momento, faz-te esquecer os teus medos, sentes-te protegida... Mas não dura para sempre.Conforta, apetece contar tudo o que sei e tudo o que não sei.

- Eu tinha sonhos desta casa, de uma mulher e de um homem que não eram os meus pais mas que cuidavam de mim, eu não os reconhecia mas algo neles me fazia sentir... Não sei, é estranho. Também tinha sonhos em que os meus pais apareciam e eu estava sempre a chorar, nesses sonhos sempre vejo...

- O quê?

- Ela, a minha mãe, Camille... morta.

Os seus braços estavam na minha cintura e peito, a sua cabeça no meu pescoço. Sentia a sua respiração no meu ouvido e não tinha palavras para descrever a sua força sobre mim, a força das simples coisas que ele fazia que recaiam sobre o que eu sentia. Queria que a minha vida fosse mais simples... "Qual a graça de uma vida simples?" costumava pensar para mim mesma e de seguida respondia á minha própria mente "Os sentimentos são simples... a dor é simples... o caminho a seguir é direito e não precisas de muito para chegar ao fim... as pessoas não mentem".

Não sabia o que fazia ali, o Dilan tinha-me beijado e o sabor da sua boca ainda estava na minha, os braços dele tinham me deixado agora e ele levantou-se e desceu á cozinha. Fui atrás dele... Tirei as tranças pelo caminho, pois tinha perdido os elásticos, não achei os meus ténis e estava com frio por isso vesti uma camisola dele ( ele não mostrou importar-te).

- Que vais fazer?

- Jantar, comprei umas coisas quando estavas no hospital. 

Não lhe respondi e ele prosseguiu.

- Os teus tios não vão ficar chateados por não estares em casa a horas?

Ele cortava os legumes e olhou-me com malícia.

- Não, e tu? Não devias estar a dormir ás 21:00?

Sorri-lhe mas o sorriso caiu, ele perturbava-me, olhava-me com demasiada intensidade.

- Planeias dormir aqui?

Sentei-me na borda da mesa em frente a ele o que nos deixava a centímetros de distância.

- Queres que vá embora?

Sussurrei-lhe, tentei criar um momento de tensão entre nós na verdade... Os seus olhos negros cruzaram os meus olhos e não desprenderam, o seu sorriso apareceu, um sorriso provocador e por um segundo nada dissemos, apenas olhamos um para o outro, quando me aproximei para o beijar a campainha tocou e eu assustei-me e caí, ele riu-se de mim e foi abrir a porta.

Observei-o passado uns segundos atravessar a sala e subir a escada sem nada dizer e a Lu entrou, logo atrás dela a Bi. Levantei-me ainda a fazer caretas e fui ter com elas á sala.

- Que fazem aqui?

- O Mat viu-te entrar depois que voltas-te do hospital, todos tinha-mos estranhado a tua demorar á tarde e deste-nos uma desculpa qualquer e agora aqui estás com ele, o Mat está magoado mas tenta esconder...

Não soube que lhe dizer. A Bi continuou.

- Eve nós viemos aqui para te falar, os teus tios estão fartos de ligar.

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