Maria Luisa

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Têm sido dias chuvosos... Hospital, escola, casa, hospital,escola... Estou um pouco cansada da rotina, o Mat e a Bi estavam a chegar. Tenho de me recompor, vou ver a Eve agora, estive com a prima dela, coitadinha... Podemos imaginar todo o tipo de pessoas que passaram por aqui, doentes por vezes sozinhos, quando os meus pais mudaram-se de Portugal para cá eu nunca imaginei que um hospital seria o primeiro sitio a que viria, eu tive de ser operada e, bem, aqui estou, além disso tem o meu avô que teve um AVC, não tenho nada contra hospitais, já quis ser médica por causa do que passei e quis ajudar pessoas que passavam pelo mesmo mas tenho uma paixão pela dança, estou muito indecisa. Estava a entrar na sala e...

 Não acredito, ele ainda estava aqui. Dilan. Sobrestimei-o bastante. Estava sentado numa das cadeiras, a sua expressão era quase impossível de ler, reparei que nunca me olhava nos olhos. Tive uma estranha conversa com ele, acabei por revelar que gosto de rapazes que não retribuem o meu afeto e ele insinuo-o que eu tinha sentimentos pelo Mat, eu e o Mat? Nunca. Acabei por insultá-lo de certa forma, acho que lhe chamei danificado indiretamente, na altura parecia a palavra certa, também dei a entender que a Eve tinha sentimentos por ele, ela matava-me se estivesse consciente no momento, o que me faz pensar e se ela nos estava a ouvir? Estou a imaginar próxima página no jornal, Maria Luísa assassinada após revelar segredos ocultos, principal suspeita Evelyn Lost, sempre achei o nome dela irónico e assentava-lhe bem. 

Mas enfim, tudo ficou um pouco mais estranho no corredor, o Mat chegou com o Enzo e eu fui abraça-lo. Ouve ali um momento de tenção entre o Mat e o Dilan, e o Di, como passei a chama-lo apenas na minha cabeça porque acho que ele não ia gostar de ser chamado assim, saiu do hospital. Ele não podia ir embora assim! Fui atrás dele.

Ele continuou a andar, acho que viu que eu o seguia. Questionei-o acerca do seu comportamento e do Mat, se realmente a decisão de ir embora era definitiva, não recebi respostas claras, ele parecia decidido. Tentei persuadi-lo a ficar pelo menos mais um pouco pois estava a chover mas tudo foi em vão, ele falava como alguém que não se importava mas agia como se se importa-se. Mas a Eve contou-me como ficou mal quando Constança foi parar ao hospital, talvez ele não queira mesmo saber.

- Tu não vês pois não?

- Vejo... Eu vejo muito bem, eu sei que ela tem sentimentos por mim, eu também tenho estranhos e muitos confusos sentimentos por ela...

Enquanto o ouvia fiquei sem palavras, talvez ele tivesse razão, talvez fosse melhor ir. 

 Um carro buzinou e uma voz chamou David, quem era David? Aquela era Constança! Dilan disse que ela se enganou, ninguém se engana no nome assim, o que se passa? Ele foi embora e a Bi apareceu lá em cima, cruzou com ele, chamei-a e ela acenou, vi que lhe falou mas ele não parecia responder-lhe.

Fui encontrar-la quando ele entrou no carro e ela perguntou-me logo acerca de Evelyn.

- Como é que ela está?

- Está igual infelizmente.

- E a miúda?

- Também.

- Aquele rapaz, Dilan certo? 

Acenei que sim.

- Ele é muito estranho.

- Talvez, também não sabemos nada sobre ele.

- E pelos vistos não vamos saber.

Começamos a andar em direção ao hospital e o Mat passa por nós.

- Olhem tenho de ir a casa, complicações... mas eu volto logo á tarde para vê-la.

Acenámos-lhe e continuamos o caminho até ao quarto. Que complicações teria o Mat? Ele estaria bem? Pensar que ainda á pouco dias estávamos todos juntos na praia a divertir mo nos e tudo virou um pesadelo só por causa da porcaria de um carro e de uma discussão... 

Fico desconfortável perante a situação dos tios da Eve que ainda não a foram ver, acho que a tia só veio uma vez. A porta já estava perto... Eu queria tanto voltar aos tempos antigos, mas esses também não eram muito diferentes de agora, ela continuaria em busca dos pais e eu a ajudá-la, a escola seguiria... mas estávamos bem, estávamos razoavelmente bem.







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