Quando o vi ali na rua a conversar com um homem numa carrinha não o reconheci porque sorria. É triste que eu não o reconheça quando sorri... Mas quando o fazia era lindo. Estava nervosa, queria fazer-lhe todo o tipo de perguntas... Eu não acredito que ele estava aqui...Ele despedia-se e vi a cara de uma rapariga dar-lhe de surpresa um beijo na face, estavam muito perto e eu senti uma raiva estranha, queria ir lá para que ele lembrasse-se de mim pois parecia que esquecia rápido.
Começou a caminhar para aquela casa, enquanto avançava o sorriso desvanecia-se e lembrei-me das poucas vezes que o vi sorrir. Quando surfava e quando caímos no quarto dele depois de toda aquela corrida que eu guardava como uma boa recordação. Segui-o e ele entrou pela janelinha que a Lu e o Alex tinham partido para que eu e o Mat pudéssemos sair. Muito devagar inclinei-me quase rente ao chão na janela e observei... Ele entrou na casa, não sei como ainda tinha a chave da porta que ligava a cave á casa. Deixou-a entreaberta e eu entrei atrás, queria descobrir porque ele tinha voltado, onde estava Constança, discutir sobre o meio de transporte em que veio e a companhia. Inevitavelmente, bem no fundo, queria também saber se a razão de ter voltado podia ser, um pouco, eu.
Enquanto desci-a cortei o dedo num vidro e limpei num pano branco sobre a mesa. Continuei a segui-lo antes que desaparece-se completamente. Passei a sala que nunca parecia a mesma, talvez devido ao meu pesadelo que ainda estava bem vivo em mim. Subi a escada e esta range-o, detive-me á espera de alguma coisa, uma pergunta se alguém se encontrava ali ou passos... mas nada.
Eu comecei a ter um medo enorme porque tinha dito á minha tia que vinha buscar umas roupas para a Lilly e agora estava ali a seguir Dilan, mas eu tinha tantas perguntas na minha cabeça, ele nunca daria as respostas mas eu tive saudades dele, eu precisava tentar fazê-lo falar, eu... tinha de voltar... O Enzo já devia estar a pensar que me tinha perdido pelo caminho, era ele que me ia levar ao hospital e ele estava estranho comigo...
Voltei costas e desci para o sitio por onde entrei, chega disto, tenho de ir para o hospital.
- Estás de pé...
Agora que estava decidida a voltar, ele encontra-se atrás de mim, viro-me e está com a mesma expressão ilegível, encostado á escada. Eu tinha feito quatro tranças no cabelo e duas á minha prima e assim passara o meu Sábado, a ler-lhe e á espera que ela acorda-se porque apesar dos sinais ela não abria os olhos.
- Não respondes?
- Eu tenho de ir.
Fui bastante fria, talvez porque estava na hora de o ser. Ele seguiu-me e agarrou-me o braço, pelo que conheço do Dilan ele trata com desprezo mas não gosta de senti-lo.
- Espera.
- O que foi?
- O que fazes aqui?
- E tu...? Não tinhas ido embora?
Ele hesitou.
- Como... te sentes...?
A sua expressão ficou muito engraçada, eu sabia que ele não ia responder ás minhas perguntas mas a sua faceta ao perguntar algo amável, sem qualquer frieza era fofa, eu sabia que era difícil para ele, talvez porque durante muito tempo foi de forma rude que ele lidou com as pessoas. É só uma teoria, afinal conhece-o muito pouco.
- Eu estou bem.
Observei-o por uns segundos, era realmente bonito e de certa forma uma personagem gélida, que sabia esconder o que sentia. Eu costumava ser assim, ainda sou um bocado. Virei-me e continuei o caminho para a cave sem despedida. Eu não gosto de despedidas... talvez porque ele também não goste.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Despertar
RomanceCorro e corro o mais que posso mas não alcanço a saída, ele está tão longe mas tão perto... -Corre o mais rápido que conseguires - ouço me gritar "Este é o fim..." penso, mas como sempre ela apareceu e mostrou-me o caminho. ... Esta história é apen...