Despertar

Evidências

Estava sentada na sala ampla e escura, a casa era me familiar de uma forma que eu não conseguia explicar, a minha tia era para ter vindo morar aqui mas escolheu a casa em frente, ela dizia que era por ser mais próxima do café, mas eu acho que tem haver com o facto de terem morrido pessoas aqui. Enquanto divagava, a Constança questionava-nos sobre como era a vida aqui e a Lu respondia-lhe, o rapaz estava sentado no sofá mais longe á minha frente e parecia bem distante, a mãe dele tentou incorpora-lo na conversa mas ele não parecia interessado de todo.

Então resolvi participar , visto que Constança desviava um pouco quando falávamos deles.

- Então quando resolveram mudar-se? Não parecem muito do estilo de pessoa que aprecie praia ou sol.

- Eve! (a Lu sussurou, mas eu mantive o olhar fixo á espera de uma resposta torta ou que desviassem o assunto, mas Constança manteve-se calma e sorridente enquanto o filho dela me pareceu que queria dizer que eu estava a passar a linha, mas que linha? Escondem algum segredo?)

- Sim na verdade é a primeira vez que vivemos tão próximos da praia, eu trabalho muito e tive a oportunidade de vir morar aqui, porque é mais próximo do meu novo escritório. Mas já estamos habituados a viajar e até gostamos não é querido?

- Sim...

Foi a primeira vez que o ouvi dizer uma palavra de facto, a voz dele era suave e altiva como se já tivesse passado por tudo isto ou como se fosse mais sábio ou superior, não sei descrever.

Um telefone tocou e Constança levantou-se para atender...

- Bom, nós também temos de ir não é Eve?

- ah, sim...

- Adeus.

Ele não respondeu.

- Podias ir ter connosco á praia um destes dias...

Tentei ser simpática mas logo me arrependi a Lu tinha ido avisar que íamos embora e eu estava sozinha com aquele rapaz.

- Porque achas que me interessa ir á porcaria de uma praia contigo e com os teus estúpidos amigos?

- Qual é o teu problema afinal? Estava a tentar ser simpática...

- Não preciso da tua simpatia, só vieste aqui coscuvilhar, não sabes meter-te na tua vida?

A conversa estava a irritar-me mas o pior era a voz dele que não parecia exaltada de todo, ele parecia divertir-se.

- Não te preocupes não volto a convidar.

- Ótimo, e já agora podias desaparecer, e não voltar aqui a casa.

Ele sorriu, um sorriso falso e logo comecei a detesta-lo, quando a Lu voltou mandei vir com ela por ter demorado, ela para conversar era bem chata, mas é por isso que gosto muito dela, é curiosa como eu, ela disse-me que estávamos convidadas a voltar amanhã para um almoço se quiséssemos.

...

Quando cheguei a casa fui para o sótão, o meu lugar preferido onde não tinha de aturar a chata da minha prima, e abri o painel que tinha guardado com todas as evidencias da morte dos meus pais, era uma longa noite, o dia tinha sido meio estranho, amanha eu iria àquela casa novamente, não queria saber desse rapaz, a mãe dele tinha-nos convidado e finalmente podia descobrir mais sobre a casa, sobre os meus pais...