Nesta Casa

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Entrei em casa, estava vazia como era de esperar e muito silenciosa, este silencio não era o mesmo de quando chegava da escola. Era um silencio mais doloroso. Atirei a chave para o pote, costumava fazer pontaria mas estava cansada e morta para tomar um banho quente, subi para o meu quarto, estava tudo extremamente arrumado.

Tomei um longo banho e quando sai da casa de banho pareceu-me ouvir algum ruído lá em baixo, as minhas roupas tinham sido arrumadas não sei onde... Só encontrei umas velhas que já não usava fazia anos. Agarrei umas leggings e uma camisola com um panda (umas das que nunca usei e nem sei de onde veio mas gostei dela) e desci para ver quem tinha chegado.

Ninguém se encontrava na sala, nem na cozinha, nem em qualquer divisão... Estava prestes a subir novamente mas de repente vi a minha tia passar, parecia ter saído debaixo do chão. O que estou a dizer? Não é possível... Por alguma razão mantive-me ali á espreita e depois entrou o meu tio.

- Onde está a Evelyn?

- Está na praia com eles de certeza.

- Temos de ir, o médico acabou de ligar, a Lilly falou alguma coisa.

- Òh meu Deus, ela falou? Vamos, vamos!

A minha prima tinha dado sinal que ia acordar, ela falou... ela falou!! Eu ia ter com eles naquele momento, estava tão feliz, ia dizer-lhes que estava aqui e que queria ir vê-la.

- Espera, o que foste buscar?

- Isto...

Parei no ultimo segundo ao ver nas mãos da minha tia o caderno que eu tinha visto no meu pesadelo quando estava inconsciente, o que a minha mãe deu á minha tia. Devagar fui para trás do sofá e fiquei calada a ouvir.

- Diz-me que não tens escrito nessa porcaria Nina!

- Não é porcaria nenhuma, tem tento na língua, era meu e da minha irmã de quando éramos jovens.

- Ás de me explicar porque ainda tens isso!

- É uma recordação, mas eu vou leva-lo para outro sitio, a Evelyn não vai parar de procurar pistas aqui em casa...

- Esconde isso! Ela tem mais que se preocupar agora...

- Parece que não a conheces.

O meu tio praticamente arrancou o caderno das mãos dela.

- O que vais fazer?

- Eu vou destruí-lo quando voltarmos, agora vou por no lugar e vamos para o hospital que a nossa filha está á nossa espera, mexe-te mulher.

A tio desceu o que parecia a escada para uma cave que eu não sabia que existia, depois vi-o subir, fechar a pequena porta e sair com a tia o mais rápido possível. Eu fiquei paralisada sem saber o que fazer, a minha mente encheu-se de perguntas e fiz o que me veio á cabeça, fui até á janela e vi o carro a desaparecer, corri para a pequena porta escondida debaixo do tapete, era idêntica ao soalho e difícil de abrir, estava trancada.

Eu tinha de arranjar maneira de entrar, tinha de descobrir o que estava naquele caderno antes que fosse tarde. De repente alguém toca á campainha, apanho o maior susto, não podia ser os meus tios novamente...

- Eve! Hey, é o Mat.

Suspirei e abri-lhe a porta. Ele olhou-me de alto a baixo. Eu estava descalça com o cabelo molhado solto sobre a camisola larga.

- Ahh....

- Entra!

Praticamente puxei-o para dentro.

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