O qUe ImPoRtA

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Ali estava ela, estava pálida e quando lhe agarrei a mão notei que estava um pouco fria, não acredito que isto está mesmo a acontecer. Sentei-me junto á cama, os meus tios estavam no corredor, a nossa conversa foi bem resumida.

- Como te sentes querida?

- Bem tia. Como está a prima?

- Ela não acorda... o meu anjinho não acorda...

Ela estava devastada, chorava muito... eu abracei-a e quando o tio ficou com ela, entrei no quarto.

-Hey... sou eu... 

Não sei porque estava a sussurrar, parecia que não queria acorda-la do seu sono profundo mas ela tinha de acordar, ela tinha...

- Não sei o que te dizer... Desculpa, desculpa milhões por isto, és só uma criança. Eu não sei se consegues ouvir-me mas tenho de tentar dizer que te amo muito, é incrível como nunca o disse, como consigo ser tão egoísta.

As lágrimas começaram a brotar.

- Eu só queria descobrir o que tinha acontecido e ainda quero, faz parte de mim, mas eu esqueço-me que vocês são a minha família agora e por isso são também parte de mim, da minha história, do que eu sou, desculpa desapontar-te tanto. Desculpa pelas vezes que te magoei apenas porque não conseguia aguentar e era egoísta o suficiente para querer ter a infância que tu tiveste, desculpa... devias ter deixado que o carro me acertasse, devias te-lo deixado magoar-me, eu merecia.

Devia parecer ridícula, tinha acabado de acordar, dias depois do acidente e ali estava, devia parecer o monstro que me sentia.

- Des...culpa... 

- Eve.

A Bi entrou no quarto.

- O Mat está lá fora com a Lu, os teus tios pediram que te levasse-mos para casa.

- Não, eu quero ficar aqui.

- Não podes, a sério, precisas de descansar, eles vão dando noticias e poderás vir mais tarde, agora precisas de voltar... Ela vai ficar bem.

- Tu não sabes, falas por falar.

Ela olhava-me com ar triste, todos estávamos, não era só eu, talvez fosse melhor ir.

 - Mas eu vou, pensando bem não vou ajudar em nada, os tios não devem querer ver-me todos os dias aqui, não depois de tudo.

- Eve pára! Foi só um carro no sitio errado á hora errada, a tua prima fez o que fez para te salvar, sente-te grata e fica do lado dela, não te sintas culpada pois não era isso que ela queria!

Ela tinha razão, como sempre. 

- Desculpa.

- Não peças desculpa, não precisas, vamos.

Levantei-me e antes de sair olhei para trás.

- Obrigada prima, eu vou voltar...e tu vais acordar e nós vamos para casa, juntas. 

...

Estava sentada ao lado dos meus amigos no carro, eles contavam as novidades da escola, tentavam animar-me, os pais da Lu não se importaram em nos ir buscar ao hospital, mostraram-se muito simpáticos comigo, eu tentava mostrar que estava bem, que ficaria bem. Mas ficaria? Havia tantos "mas..." e tantos "e se..." e também havia Dilan e Constança que se tinham ido embora e agora? Sentia-me mal, acho que irremediavelmente eu sentia algo por ele mas agora nunca mais saberia, tinha que esquecer.

- Nem sabes o que aconteceu ontem, estávamos no pátio da escola e a Cora beijou a Emma, devias ter visto a cara da stora...

- Isso é mesmo verdade? Eu vi a Emma passar por mim no corredor e estavam todos de volta dela mas não pensei que fosse isso.

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