Caminho

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O Mat puxou-me para um buraco no chão e falou-me baixinho.

- Não digas nada, sei como vamos sair daqui.

Não acredito nisto, parecia que as aberturas misteriosas nunca acabavam, ele desceu até ao fundo, antes de fazer o mesmo vi a minha tia ajoelhar-se junto ao caderno, ela estava a chorar, limpava-o com a camisola, naquele momento queria abraça-la mas esbarrei para aquela espécie de túnel subterrâneo e algo caiu. Comecei a correr com o Mat a meu lado pois com certeza ela tinha ouvido o barulho.

O túnel era húmido e eu não tinha ideia quando tinha sido construído mas com certeza á muito... Finalmente chegámos a uma porta no teto do túnel.

- Onde achas que nos leva?

- Não sei, mas tenho uma certa desconfiança.

- Como assim?

- As coisas que os meus tios têm são dos meus pais e eles voltaram para aqui, foi aqui que morreram...

- Queres dizer que os teus tios têm um túnel que liga as duas casas?

- Vamos descobrir...

Empurramos juntos a porta e ela cedeu, abrindo-nos caminho para a cave vizinha, onde eu já tinha estado e que me trouxe certas lembranças do Dilan.

- Vamos rápido! Ali tem uma janela que nos leva diretamente á rua.

Pelo menos era o que eu achava... Avançamos até lá mas ela estava fechada, alguém a tinha tapado e estava inacessível.

- Acho que temos de ir pela casa...

- Parece sim.

Tive uma espécie de tontura, doía-me os pés descalços e frios e a cabeça que não parava.

- Eve?

-  Eu estou bem.

Tentámos abrir a porta para a casa mas estava trancada.

- Boa! Agora estamos presos nesta cave!

Comecei a entrar em pânico, respirei fundo e sentei-me na mesa á espera que a solução cai-se ali. 

- Mat?

- Sim?

- Desculpa.

- Pelo quê?

- Por envolver-te nisto tudo.

Ele suspirou, um longo suspiro. Uns estilhaços de vidros caíram no chão e vi a Lu e um outro rapaz sorrirem da janela. 

- Lu! Não imaginas como estou feliz em ver-te.

- Eu sei, mas deves-me explicações! Vamos...

Sorri-lhe. Eles puxaram-nos para o exterior e taparam a janela não sei bem com o quê, o rapaz era um dos amigos do Mat, que se tinha metido com a Lu na praia. Estava feliz e ao mesmo tempo não tanto, porque mesmo tendo saído agora ia ter de enfrentar os meus tios. 

- Agora tenho de ir porque os meus pais estão á minha espera.

- Como nos descobris-te?

O Mat questionou-a e manteve a sua expressão neutra, ainda custava-me olhá-lo depois de tudo...

- Como a Eve não atendia o telefone liguei aos tios dela e eles disseram que não estava com eles.

- Por isso eles voltaram a casa, para ver onde eu estava...

O Mat continuou a questiona-la.

- Como achas-te a cave?

- Bom, eu não sabia onde estavas, visto que disseste que ias a casa e não estavas lá e fui a casa da Eve e ela não abriu a porta. Até espreitei a janela, fui falar com eles na praia para saber se tinhas ido para lá, nada. Esta casa era o único sitio que faltava.

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