Estás bem?

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- A escola para além de centro de ensino é uma grande lista de afazeres, primeiro cumprimentar todos os teus conhecidos, depois receber todo o tipo de papeis, conhecer professores, gozar com eles inventando apelidos, saber o nome do novo rapaz mais giro e para as que têm coragem, meter conversa. Fazendo tudo isto o dia termina contigo sentada no lugar de sempre ao pé das tuas amigas no autocarro á espera de chegar em casa e começar a organizar tudo para o dia seguinte, e depois é só rotina.

Eu já me habituei, férias, escola, férias, escola, férias... nunca acaba, até que um dia ( e esse dia vai chegar quando menos esperares) tudo muda, estás á procura de emprego, casa, marido, filhos, depois vais cansar-te de tudo isso e querer viajar e fazer todo o tipo de coisas que não fizeste até perceberes que tudo o que sempre quiseste estava bem á tua frente mas não viste e depois perdes ou os que amas ou a ti mesma.

- O K   isso foi incrivelmente dramático, tens a certeza que vais entregar assim?

- Y A P a stora disse para descrevermos o que a escola era para nós, eu descrevi. Simplesmente não percebo, temos 16 anos, não 10. A escola é uma mera passagem, ela é que é bem dramática.

- Nisso tens razão, já ninguém manda estes tipos de trabalhos.  

- Já fizeste o teu?

- haaaa..... 

Estava sentada com o Mat, á espera da Lu e da Bi, tinha tantas saudades, ela não tinha ido á escola hoje, mas amanhã era garantido. O dia tinha passado como uma flecha, não prestei grande atenção e quando dei por mim estava em casa, mais precisamente no sótão e ainda mais precisa, a olhar a janela... Numa incrível batalha de sair de casa e atravessar a rua ou ficar no meu canto quieta, até o Mat chegar e me arrastar até á praia.

- Mat?

- yap?

Eu queria pedir-lhe um conselho sobre isto, com ele sempre foi mais fácil de falar, não sei se era por ser rapaz e não dar grande importância ás coisas, a Lu era mais dramática, a Bi era demasiado calma menos quando a irritavam a sério. 

- Eu queria perguntar-te sobre uma coisa...

- Sobre o quê?

Parecia meio nervoso, olhava o horizonte e quando dei por isso a sua mão estava sobre a minha, lembrei-me de quando a Lu me disse que ele estava apaixonado por mim e eu meio que o evitei até ele me dizer que já não tinha quaisquer sentimentos. 

- Nada, esquece tenho de ir, ou elas vão ficar fulas comigo.

Levantei-me, retirando a mão debaixo da sua, tive receio de o que ele me garanti-o não fosse verdade e eu queria que fosse.

- Espera...

Parei, já a adivinhar o que se seguia.

- Mat...

- Eu preciso de falar contigo sobre uma coisa.

- O quê?

- Eu acho que sabes.

- Também acho.

- Eve...

- Não faças isso, eu preciso da tua amizade...

- Não quer dizer que não sejamos amigos, mas eu entendo se não quiseres estar perto.

Fiquei em silêncio e ele aproximou-se mais e um pouco mais, os seus olhos azuis estavam muito perto, eu nunca tinha pensado nele dessa forma e custava-me agora que tinha tanto em que pensar e tanto para descobrir, nunca tive realmente tempo para pensar em rapazes, desde o Dilan, do Dilan? No que estou a pensar, ele está a centímetros de mim, o Mat não o Dilan, o Mat.

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