Muros de mentira

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Dor...


Transtorno...


Mágoa...


Preciso conter estes sentimentos, um abraço forte melhora mas também complica, porque o abraço não dura muito mas esta dor permanece para sempre. Não é incrível? Como simples palavras derrubam-nos tão rápido, tão fácil...


Amizade...


Amor...


Carinho...


Tudo sentimentos que se vão com o vento, que fogem mesmo que os arrastes contigo, que corras atrás, nunca será igual. Terás de procurar por semelhante mas irás sempre comparar ao primeiro que sentis-te, a primeira vez que amas-te, aprender a deixar ir é a pior lição da vida.

As lágrimas...


A face vermelha e a expressão de dor...


O coração apertado que parece que nunca voltará a ser o mesmo...


Ela foi embora, aquela pequena pestinha que me infernizava a vida e enchia-a de cor foi embora para sempre. Aquela... linda menina que era como uma pequena irmã, mas na verdade não tinha-mos qualquer laço de sangue. Não queria acreditar... Fui deixada nesta casa, os meus verdadeiros pais saíram e deixaram-me aqui... Tudo fui uma mentira! Atravessei o túnel e  sentei-me na cave cheia de recordações, recordações que não eram minhas... Eram de outras pessoas, de outras vidas. Eu tinha descoberto toda a verdade, os gritos e as lágrimas corriam no andar de cima...

Acusações...


Mentiras...


Tudo é apenas isso, algo sempre tem um culpado, eu queria descobrir o culpado pela morte dos meus pais e na verdade não havia nada. Eles tinham me encontrado ali quando se mudaram e cuidaram de mim, adotaram-me. Preferia que não o tivessem feito, o meu pai adotivo matou a minha mãe adotiva e fugiu como um cobarde. Eu assisti a tudo, estava a chorar naquela sala ensanguentada, tinha dois anos de idade, até a minha "tia" chegar e levar-me dali.

Desde aquele momento senti que não era aquela casa que era uma maldição, eu era...

Porque teriam os meus verdadeiros pais me abandonado?

Porque as pessoas que me adotaram fizeram aquilo? Porque não posso ter uma história que acabe em felizes para sempre? 

Lágrima sobre lágrima caia naquele soalho, peguei o caderno e reparei que não era o mesmo, aquele era mais novo, mais recente. Trouxe-o comigo e voltei á casa, ainda consegui ouvir o meu tio gritar.

- A culpa é dela, foi ela que a matou.

Andei aos tropeções, entrei novamente naquela casa e subi as escadas, entrei no quarto de Dilan e aproximei-me da janela com o livro nas mãos. Tudo o que Li, tudo o que pensei naquele momento foram como um vento que me indicava o caminho a seguir, como o destino... A janela estava aberta, perguntava-me se a Lilly tinha sentido dor, perguntava-me onde ela estaria. Não fomos as únicas que sofremos, aquele novo caderno era de Camille, mostrava como ela nunca tinha sido feliz.

Estava na hora de cortar pela raiz...

O final sempre chegava, tudo tinha um fim e o fim é inevitável.













  








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