Capítulo Um - A volta

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Hoje é quarta-feira e isso significa que minha mãe chegará de viagem! Mal posso esperar para saber se ela trouxe tudo o que pedi e ainda espero ganhar uns mimos. Ficar sem ela aqui foi ruim e isso quer dizer que fiquei com o insuportável do meu padrasto, Peter.

O homenzinho chato!

Reclama de tudo, não posso sair com minhas amigas, não posso fazer compras, ele só me quer dentro de casa e quando fico dormindo, vendo televisão ou no computador, ele acha ruim, aí quando decido fazer algo ele não deixa; e o pior ele acha mesmo que eu sempre fico em casa, como ele pede, leve engano. Saio escondido pela janela.

_ Que horas minha mãe chega? _ Pergunto enquanto como no sofá.

_ De noite, por volta das sete horas. _ Diz colocando suas chaves no aparador perto da porta. _ Candice, quantas vezes vou ter que te pedir para usar uma vasilha?

_ Vamos jantar fora? _ Pergunto. _ Vai pedir quantas vezes quiser, mas não irei ouvir. _ Dou de ombros.

_ Vamos sim! se arrume aí iremos ao aeroporto. _ Caminha pela sala. _ Desisto de insistir com você.

_ Ok, obrigado. _ Sorrio.

_ Você pode me dar uma ajuda aqui? _ Pergunta, apontando para a sua gravata.

_ Tá, vem cá. _ Chamo-o levantando-me do sofá, ele para na minha frente e começo a desfazer o nó de sua gravata. _ Quando você vai aprender a fazer isso?

_ Se Deus quiser, nunca. _ Rimos e ele se joga no sofá ao meu lado, desabotoando a camisa. _ Tá calor aqui!

_ Liguei o aquecedor. _ Explico.

_ Por quê? _ Pergunta, olhando-me com uma careta.

_ Dormi depois que cheguei da aula, aí fiquei com preguiça de pegar coberta.

_ Você é doida! Dormir de coberta nesse calor.

_ Não consigo dormir se não for no quentinho. _ Olho séria e ele ri.

_ Meu Deus! _ Fala incrédulo. E sorri. _ Esteja pronta as seis e meia.

_ Tá bom. _ Falo e ele sobe as escadas.

Fiquei vendo televisão até cinco e meia, depois subi para me arrumar.

Tomei um banho caprichado, com direito a depilação e hidratação, lavei os cabelos e também os deixei hidratados. Sai do banheiro com uma toalha enrolada na cabeça e de roupão indo direto para o closet, procurar alguma coisa para vestir. Após escolher minha roupa, um vestido de tecido fino na cor, vinho e salto preto, sentei-me em frente a penteadeira e escovei os cabelos.

Minha maquiagem foi bem leve, mas com direito a olhos marcantes e batom vermelho. Fui novamente até o closet para pegar um conjunto de joias que minha mãe me dera em meu aniversário de quinze anos, coloco o colar e ouço meu celular tocar, com os brincos em mãos volto ao quarto e pego o mesmo, olhando o visor. Havia uma mensagem.

Amanhã tem pool party na casa do Matthew! E vamos. Nem me venha com desculpas! Beijos, Lil.

Tive que rir após ler a mensagem da Lilia. Matthew era meu ex-namorado, ele é lindo e gostoso, mas muito pegajoso e tudo o que eu menos preciso agora é ir em um lugar que ele esteja.

Coloco um brinco, mas acabo atrapalhando-me quando o anel agarra em meu cabelo e acabo deixando o outro brinco cair.

_ Merda! _ Ajoelho-me sobre a carpete e tento achar o brinco, nada! Deito a cabeça no chão, desta vez o vejo, embaixo cama, estico o braço para pegá-lo. Sento-me sobre os joelhos e coloco o brinco. Me levanto e quando me viro solto um grito. _ Que merda Peter!

_ Me desculpe, cheguei aqui e você estava no chão, achei estranho e queria ver no que ia dar. _ Ele fala simplesmente.

_ Hum. _ Digo indiferente, mas sinto meu rosto corar, me viro antes que ele perceba. Penso que ele viu minha bunda, esse vestido é curto. Droga. _ O que você quer?

_ Vim te chamar para irmos.

_ Já estou acabando.

_ Te espero lá em baixo.

_ Tá bom.

Entramos no carro e o silêncio reinou entre nós. É sempre assim! Ligo o rádio e a voz de Taylor Swift enche os nossos ouvidos.

_ Não me obrigue a ouvir isso. _ Peter reclama e tenta desligar o rádio, mas o impeço.

_ Não! _Grito e ele me encara. _ Gosto dessa música.

_ Tudo bem, deixo, mas você terá que escutar minhas músicas, algum dia e vai me pagar! _ Fala e dá um sorriso descontraído.

_ Espere sentado! Olhe para mim e veja se tenho cara de quem gosta de ópera.

_ Por que ópera? _ Pergunta-me intrigado.

_ Você tem cara de gosta dessas coisas caretas. _ Dou de ombros olhando para a janela.

_ Você que pensa! _ Ri.

_ Penso mesmo! Onde já se viu uma pessoa igual a você ser legal? _ Falo a última parte baixinho. Julgo que ele escutou, mas prefiro acreditar que não. Sinto sua mão tocando minha perna e o olho.

_ Você não sabe nada sobre mim. _ Fala meio com raiva. _ Desculpa. _ Completa sem jeito, com uma tom de voz mais baixo.

_ Tudo bem. _ Respondo MUITO sem graça. Volto a olhar pela janela, sentindo a pele formigar onde ele tocou. Cruzo as pernas tentando concentrar-me na rua passando do lado de fora, só que não consigo. Sei que é errado, mas sinto-me quente.

Descemos do carro, com o silêncio como nosso acompanhante e caminhamos até o portão de desembarque, onde minha mãe estava nos esperando.

_ Mãeeeee! _ Corro para os seus braços lhe dando um abraço apertado.

_ Oi filha! Que saudade! _ Passa a mão por meus cabelos. _ Você está linda!

_ Muita saudade mãe, obrigado, a senhora também está. _ Olho para ela.

_ Adorei o casaco.

_ Sabia que você iria gostar! Comprei um igual para você. _ Rimos e Peter pigarreia atrás de nós. Ela me solta e dá um beijo nele. ECA! _ Oi, amor!

_ Oi linda! _ A abraça apertado. _ Como foi o voo?

_ Horrível! Teve turbulência, odeio avião! _ Fala séria enquanto Peter pega sua mala e seguimos para o carro.

O PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora