Capítulo Dez - Arrumei uma boa companhia

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Subi para o meu quarto, enquanto soltava fogo pelas ventas.

Que ódio de mim!

Me joguei na cama, mas logo ouvi o barulho do portão da garagem se fechando. Será que ele decidiu ficar? Vou até a janela e olho pela mesma, vejo o seu carro seguindo pela rua.

É o prêmio de otária da vez vai para: CANDICE O'BRIEN!!!

Dá onde eu tirei que se eu ficasse com ele, ele desistiria da ideia de sair daquele jeito? Não sei, mas pela cabeça me passou o pior. Ele dirigindo bêbado, não iria prestar, acho que senti medo, eu não quero perder mais ninguém, ficar sem as pessoas que você gosta, não é bom.

Eu aqui querendo algo com o meu padrasto, não faz muito tempo que minha mãe morreu e eu já estou querendo o que foi dela. Pela primeira vez, parei para raciocinar, é vi o quão errado isso era, e Peter era a única pessoa que sobrou do meu 'laço familiar', não posso estragar as coisas.

Peguei uns cd's e coloquei no rádio, na tentativa de esquecer o que aconteceu, eu dançei e cantei muito, cheguei até a suar. Ouvi uns quatro CD direto, antes de sentir o meu pé reclamando. Decidi que havia chegado ao meu limite, olhei para o relógio, três horas da manhã.
Fui deixando o meu lado coerente e sensato falar mais alto, enquanto fui até a suíte e liguei a enorme banheira, coloquei todos os sais de banho que achei por alí, subiu um cheirinho gostoso. Voltei ao quarto, tirei a roupa, peguei meu roupão e fones, deixei tudo no banheiro da suíte e fui até a cozinha, peguei uma taça e a garrafa de vinho que estava na geladeira. Entrei na água quentinha enquanto ouvia uma música depressiva da Avril Lavigne, enchi o copo e relaxei enquanto me afogava em pensamentos.

Acordei quando fui me virar e acabei engolindo água com sabão. Foi uma merda! Pior jeito de acordar, eu ainda usava meus fones mas meu celular havia desligado, a água estava gelada e meus dedos estavam pior que uva passa, todos enrugados. Me levantei, vesti meu roupão, e puxei a tampinha do ralo. Peguei a taça e a garrafa, desci para a cozinha, me desfiz da garrafa e lavei a taça, na hora de subi para o meu quarto, vejo o Peter esparramado no sofá, chego perto dele, e ele cheira a álcool.
Fui até a cozinha e preparei um café bem amargo para ele, e peguei dois remédios para dor de cabeça, deixei-os em cima da mesa.

_ Peter!! _ Eu o chamo, nada dele se mexer. _ Peter acorda. _ Dessa vez eu cutuco ele, ele se mexe, mas vira para o outro lado. _ Droga! _ Eu o balanço até que ele se incomode.

_ Hum? _ Ele resmunga.

_ Toma aqui. _ Estendo o copo com o café para ele.

_ Não quero não, valeu. _ Ele se acomoda no sofá.

_ Não vai beber? _ Pergunto e ele faz um tsu tsu tsu com a boca enquanto balança o dedo indicador negativamente. _ Foda-se então. _ Volto para a cozinha e jogo o café fora, mas minha vontade era de ter tacado esse café na cara dele. Voltei para o meu quarto, coloquei o celular para carregar, e vesti uma roupa.

**

Todos os dias, quando eu levantava, Peter já havia saído para ir trabalhar, portanto, eu ia para a fisioterapia de táxi, me arrisquei em andar de ônibus umas duas vezes, e consegui não ficar perdida. Consegui ir no médico sozinha para tirar a tipóia. Fiquei tão feliz naquele dia.

Estava no sofá de bobeira, até que vi um programa de culinária, eles ensinaram a fazer um lombo recheado, embora eu nem saiba o que é um lombo, me arrisquei em fazer, como não conheço essas coisas, fui até o mercado comprar tudo o que pedia na receita. Adivinhem quem eu encontro no supermercado, meu amigo Drew! Conversamos enquanto esperávamos na fila do caixa, ele havia comprado coisas para fazer um almoço, assim como eu. Perguntei se ele queria almoçar lá em casa, e é claro que ele aceitou. Mal ele sabia que também teria que colocar a mão na massa, mostrei a receita para ele e juntos começamos a prepará-la. Ele foi temperar o lombo enquanto eu picava os condimentos que iriam dentro do lombo junto com uma espécie de farofa. Acabei cortando o dedo enquanto lavava as vasilhas sujas, quase desmaiei ao ver sangue, Drew me ajudou a fazer um curativo no dedo, ele colocou a carne no forno e ligou o timer.

_ Tá tudo bem? _ Ele perguntou enquanto eu ficava com o dedo para cima, na esperança que a ardência e o sangue diminuíssem.

_ Tá sim, sabe o que descobri hoje?

_ Não o que foi?_ Ele pergunta com um sorriso debochado no rosto.

_ Que mexer com esse negócio de cozinha é perigoso. _ Digo e ele ri.

_ Não é perigoso, você só não tem prática, mas como eu sou um cara bacana, vou ajudar com isso.

_ Você sabe cozinhar? _ Arregalo os olhos.

_ Claro que sei, não sou apenas um rostinho bonito.

_ Eu nunca disse que era.

_ Eu sei, ainda tem várias coisas que você não sabe sobre mim.

_ Você vai me deixar saber?

_ Sim, com o tempo você vai descobrindo. _ Ele sorri e me beija.

Desde aquele dia em que nós saímos a gente não ficou mais, e agora ele me beija, será que temos algo ou foi coisa do momento? Ficamos no sofá conversando sobre coisas aleatórias, contei a ele que quarta era meu aniversário, e acabei falando da viagem e até mesmo da Lil. Quando o timer apitou, fomos para a cozinha e ele tirou a carne do forno, o cheiro estava delicioso e a aparência nem se fala. Comemos o lombo recheado com um arroz branquinho feito por nós dois, ele me ensinou. Ele passou o dia lá em casa, ficamos vendo televisão até que eu dormi, acordei com ele me chamando, pois teria que ir embora e que logo Peter estaria em casa, pediu mil e duzentas desculpas por ter me acordado, mas eu não liguei muito, pelo menos ele se lembrou de ir embora antes que Peter chegasse ou teríamos uma confusão.
Minha barriga roncou, peguei um suco e cookies para comer enquanto assistia televisão. Quando Peter chegou, mal me cumprimentou e já foi logo me xingando pois estava comendo sem vasilha no sofá, e então ele foi para o quarto e ficou lá, não o vi durante o resto da noite.

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O Gatinho da foto é o Drew! ❤
Desculpem pela demora!!! Mas veio!

O PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora