O caminho até o restaurante foi um tédio, minha mãe e o Peter ficaram conversando sobre trabalho. O maitrê nos recebeu e encaminhou-nos a mesa que costumamos a sentar.
Olhamos o cardápio e fizemos nossos pedidos. Minha mãe pediu um suco. Eu e Peter preferimos ficar só na água, enquanto aguardávamos os pedidos…
_ Como foi a viagem? _ Pergunto mudando de assunto. Ouvir esses dois falando de trabalho está me dando sono.
_ Ótima, Los Angeles é a melhor cidade que já visitei. _ Minha mãe sorri.
_ E o que tem de especial lá? _ Pergunto curiosa.
_ Você verá. _ Diz levantando-se _ Com licença, preciso atender. _ Aponta para o celular.
_ OK. _ Eu e Peter falamos juntos e quando minha mãe some do nosso campo de visão, ele me encara.
_ Perdeu alguma coisa aqui? _ Pergunto petulante.
_ Perdi e estou tentando achar! _ Diz enquanto seus olhos passeiam por mim. Recebo uma olhada, que pelo amor de Jesus! Senti meu rosto ficar mais vermelho que meu cabelo.
_ Para com isso. _ Revirei os olhos tentando parecer entediada e não excitada pelo fato dele estar me encarando com tanta vontade.
Candice! Para de pensar nele desse jeito! Meu subconsciente começa.
_ Voltei! _ A voz da minha mãe tira-me de um transe interno que mal sabia que me encontrava.
_ Resolveu? _ Peter pergunta e ela acena com a cabeça sorrindo.
Aí tem coisa.
Eles engajaram em um papo chato sobre decoração para a casa. Não chegaram a falar no meu quarto, só por que já estava me animado em pensar que poderei reforma-lo do jeito que quero, ou melhor, do jeito que vi na revista. Quando um garçom voltou com a garrafa de vinho, quase dei um beijo nele, precisava de um pouco de álcool para aguentar as olhadas de Peter, o pior é que não sabia o que elas significavam.
_ Mãe! Falta um mês e meio para o meu aniversário, e até agora não discutimos sobre o que vamos fazer. _ Digo enquanto corto o meu frango ao molho xadrez.
_ Você não disse que queria uma viagem de presente? _ Pergunta, encarando-me.
_ E eu ainda quero, mas quero saber sobre a festa, tive muitas ideias… _ Falo, mas Peter me interrompe.
_ Eu não acho… _ Dessa vez minha mãe o interrompe.
_ Amor vamos ouvir o que ela tem a falar. _ Sorri de novo. Isso não é normal!
_ Enfim, a Lil me ajudou com algumas coisas, mas eu queria sua ajuda.
_ Escolheu um tema? _ Pergunta e nego.
_ Estou em dúvida. _ Confesso.
_ Nos dê opções, aí vemos o que é melhor.
_ Tá... Hummm... Pensamos numa festa temática. _ Digo e Peter ri. _ Algum problema? _ Pergunto séria.
_ Festa temática é coisa do passado, Candice. _ Me provoca e o modo como o meu nome saiu de seus lábios mexeram comigo.
_, aliás quem é você pra falar sobre isso? Entendo que você nunca deve ter ido a uma festa afinal… _ Deixo a frase no ar.
_ Afinal o que? _ Estreita os olhos pra mim e inclina-se para frente, desafiador.
_ A três milhões de anos atrás não existia esse tipo de festa, ou melhor, se quer existia festa, vocês estavam ocupados demais tentando fazer fogo. _ Digo e cruzo os braços ao ver a boca de Peter aberta em espanto.
_ Candice! _ Minha mãe me repreende.
_ Ele que quis saber. _ Digo em minha defesa.
_ Tudo bem Emma, já estou acostumado. _ Peter diz com um ar de derrota, mas sei muito bem que ele pode passar a noite toda revidando minhas gracinhas.
_ Viu, mãe? _ Digo e ela me repreende com o olhar, desvio o meu para Peter, que contém um sorrisinho no rosto. Babaca!
_ Filha, temos uma notícia para te dar! _ Minha mãe fala sorrindo e segura a mão de Peter. Meu coração gela. Bebo um gole generoso do vinho e acabo deixando a taça sem nada. _ Vai com calma Candice. _ Pede.
_ Calma nada, quando você fala isso, sei que lá vem bomba. _ Digo.
_ Filha, olha aconteceu de repente, não tivemos controle sobre isso… _ Interrompo.
_ Você está grávida?? _ Digo em um tom acusador. Peter cospe o vinho que ele bebia e minha mãe cai na risada. _ Qual é a graça? _ Pergunto séria.
_ Amorzinho, você não vai ter um irmão. _ Explica, e sinto-me aliviada, não sei explicar porquê. _ Nós só vamos nos mudar.
_ O QUÊ? _ Grito e sinto vários olhares sobre nós. Foda-se. _ Mãe, a senhora tem umas brincadeiras ridículas.
_ Candice, é sério, recebi uma boa oferta de emprego lá. _ Peter diz.
_ Por isso tenho que me sacrificar por você? _ Pergunto. Penso que fui grossa. Quero me desculpar, mas não faço isso.
_ Candice, mais respeito. _ Minha mãe fala em um tom de autoridade. _ Estamos nos mudando de estado e não de país ou continente, então nem me venha fazer tempestade num copo d'água.
_, mas mãe... _ Ela me corta.
_ Mas nada! Iríamos conversar civilizadamente, mas percebi que não dá. _ Passa a mão nos cabelos escuros, frustrada.
_ Amor, olha, a gente não precisa ir... _ Peter começa a dizer, mas minha mãe o interrompe. Ela está adorando fazer isso hoje.
_ Precisa sim! Oferta assim não aparece todo dia. Se ela quiser viver sobre o meu teto, vai ter que aceitar minhas condições. _ Minha mãe fala. E ouvir isso foi como ter arrancado o meu coração.
13/10/2015
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O Padrasto
RomanceCONTEÚDO FEITO PARA MAIORES DE 18 ANOS. • PARA CONSEGUIR LER A OBRA, ME SIGA E ADICIONE O LIVRO EM SUA BIBLIOTECA Candice, uma jovem garota que, depois de um acidente vê sua vida se tornar um grande reboliço. A morte de sua mãe, a mudança de cidade...